Mantega estranha oposição de Miguel Jorge à taxação


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira que "estranhou" a manifestação contrária do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, à cobrança de IOF sobre capital estrangeiro. Jorge, que na terça-feira disse que a medida só beneficiaria a arrecadação e não ajudaria os exportadores, reafirmou que considera a medida "inócua" para o comércio exterior. Segundo Mantega, na reunião do Grupo de Avanço da Competitividade (GAC), realizada na terça-feira no ministério, dos representantes de 40 setores empresariais presentes, todos se manifestaram favoráveis à medida, à exceção da Federação Brasileira de Bancos. "O setor produtivo aprovou a medida e o ministro Miguel Jorge estava presente. Estou estranhando ele ser contra a medida, pois estaria contra todo o setor empresarial que representa. O Ministério do Desenvolvimento tem interesse nisso e seria estranho ele se contrapor à medida", disse Mantega. Questionado se estaria aborrecido com Miguel Jorge, o ministro da Fazenda disse que não. "Acho que o Miguel Jorge está sendo mal interpretado", disse. Pela manhã, antes da entrevista de Mantega, Miguel Jorge reafirmou sua posição durante palestra para alunos do curso de aperfeiçoamento de diplomatas, no Instituto Rio Branco "Acho que a medida é inócua do ponto de vista dos exportadores, e isso se comprovou 24 horas depois (da implantação da medida), quando o dólar voltou ao patamar anterior." O principal objetivo da cobrança, segundo Mantega, é conter a desvalorização do dólar ante o real para favorecer as exportações. Miguel Jorge reafirmou que o que ajudaria as exportações seriam ações que aumentassem a produtividade, a inovação e a competitividade da indústria. "Só com essas coisas, o Brasil vai se tornar um país exportador importante e capaz de compensar eventuais problemas cambiais", afirmou. Depois do evento, ele disse que o principal problema das exportações brasileiras é a redução dos mercados compradores, uma consequência da crise financeira mundial. "Claro que a taxa de câmbio tem uma participação (nos problemas enfrentados pelos exportadores), mas, na minha opinião, o que mais dificulta é que se reduziram muito os mercados importadores, que não voltarão aos patamares de antes da crise." Miguel Jorge acrescentou que a desvalorização do dólar hoje "é um problema mundial". "E isso não acontece aqui por excesso de investimento especulativo", acrescentou. O ministro também manteve sua avaliação de que a taxação do capital estrangeiro com 2% de IOF não vai estimular uma subida da taxa de câmbio no Brasil e reafirmou que, se a alíquota fosse maior, seria "um tiro no pé" porque afastaria totalmente os estrangeiros no País.do jeito que está. O ministro Guido Mantega, afirmou que não pensa em fazer alterações na forma da cobrança do IOF dos investimentos estrangeiros em ações e renda fixa. Afirmou também que o tributo, que ficará do jeito que está, não desestimulará as ofertas primárias de ações (IPOs, da sigla em inglês).Ele disse que o apetite dos investidores estrangeiros está relacionado com o crescimento da economia e com a lucratividade das empresas. "Acredito que o movimento de IPOs continuará, independentemente dessa medida", disse Mantega.
Fonte: Agência Estado

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