Contabilistas se preparam para exame de suficiência


Os contabilistas estão prestes a passar por mudanças importantes na profissão. Além das alterações provocadas pela adoção das novas normais internacionais e do Sped Contábil (Escrituração Contábil Digital), o governo aprovou a Lei 12.249/10, que determina que bacharéis em Ciências Contábeis deverão fazer exame de suficiência para obter registro e exercer a profissão. Semelhante ao que já é exigido pela Ordem dos Advogados do Brasil, o exame passará a ser obrigatório para formandos a partir do final deste ano e vai ao encontro de uma luta antiga das entidades de classe para melhorar a qualificação e aceitação dos profissionais perante o mercado de trabalho.
Para quem exerce a profissão há alguns anos, o exame não é novidade. Existiu até 2004, quando foi revogado. Presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRCRJ), Diva Maria de Oliveira Gesualdi, lembra que os interessados podem ter mais noções acessando pela internet as provas aplicadas antes de 2004.
"O mercado está muito mais seletivo e o curso técnico, quase extinto. Temos cerca de 45 mil profissionais ativos no Rio e nossa visão é que isso fortalece ainda mais a classe profissional", disse.
Para a presidente do Sindicato das Empresas Contábeis do Rio de Janeiro (Sescon-RJ), Márcia Tavares, a obrigatoriedade estimula alunos e instituições de ensino. "No entendimento de alguns, isso poderia prejudicar o ingresso de profissionais no mercado de trabalho mas, se observarmos, há muitas pessoas saindo agora das faculdades que não estão aptas a fechar balanços e lidar com as mudanças mais recentes do segmento. Esta avaliação reorganiza o conceito de profissional de contabilidade", afirmou.
Entusiasmada, Márcia explica ainda que as mudanças começam a provocar um movimento de aumento da demanda por profissionais cada vez mais qualificados, que no momento não está sendo sanada pela oferta. "A tendência é que a profissão cresça ainda mais, atraindo interessados em fazer o curso superior ou especializações.
Muitas empresas começam a reclamar de mão-de-obra qualificada e até por isso criamos uma área de capacitação específica dentro do Sindicato, porque, geralmente, a maioria é qualificada na prática", disse.
Segundo a presidente, isso também impacta diretamente na faixa salarial. "São diversos fatores que influenciam, mas foi-se o tempo que a remuneração era ruim. Dependendo da empresa contábil, um coordenador pode ganhar cerca de R$ 10 mil, e nas empresas privadas a remuneração é mais alta" analisou.
Ainda sem saber o que será exigido no exame, a Trevisan Escola de Negócios, de São Paulo, está elaborando um curso preparatório aberto, explica a diretora-geral Luciana Onusic.
"Para formatarmos o curso extra ainda dependemos de comunicado do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Sabemos que algumas disciplinas fundamentais vão cair, mas não temos detalhes do conteúdo, apesar de acreditarmos que será semelhante ao exigido anteriormente. Além disso, já estamos ministrando aulas sobre as normas internacionais e Sped Contábil desde que as leis foram sancionadas", explicou.

Fonte: J. C.

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