Quando,
devido ao mau tempo, sobe o preço dos legumes e hortaliças, para compensar a redução
da quantidade ofertada, no momento seguinte, a situação se inverte. Diante de
preços mais altos os consumidores compram menos e o lucro maior leva os
agricultores a produzirem mais, refazendo logo adiante o equilíbrio dos preços.O
mesmo se dá na relação emprego/salário. Se há maior procura de mão de obra e os
salários sobem, no momento seguinte vai haver maior oferta de trabalhadores, da
mesma forma que haverá uma tendência a economizar mão de obra e substituí-la
pela mecanização ou mesmo por métodos mais eficientes que aumentam a
produtividade do trabalho. Assim, uma elevação temporária de salários tende a
se corrigir, naturalmente, nos momentos seguintes. O mesmo acontece com outros
preços. Por exemplo, quando há forte procura de crédito e sobe a taxa de juros,
a taxa mais alta inibe a procura de crédito para o consumo e para os
investimentos, e a tendência é a queda da taxa, voltando ao nível anterior. Assim,
também, acontece com a taxa de câmbio. Se as exportações (oferta) crescem muito
mais que as importações (procura) , a taxa
de câmbio se valoriza. Com o tempo, a valorização do câmbio reduz as
exportações e estimula as importações, corrigindo o desequilíbrio. Tudo isso é
compatível com a teoria do equilíbrio natural, do mercado livre, como sugerido
por Adam Smith, em 1776. A teoria é válida por causa da lógica que preside a lei
básica da oferta e procura. Entretanto, na prática, o retorno a uma situação de
equilíbrio pode levar muito tempo e, nesse ínterim, produzir sérios danos ao
mercado, às atividades econômicas e ao emprego. Daí , a necessidade de se exercer
uma política monetária e fiscal anticíclica ou prudencial , de estabelecer normas
para a política salarial, assim como regras de intervenção no mercado cambial. Em
suma, o mercado perfeito existe na teoria e nos ajuda a raciocinar
economicamente. Mas o mercado perfeito é uma construção da mente e no mundo
real a regra são as imperfeições do mercado, como podemos observar na prática,
todos os dias. As maiores imperfeições, sabidamente, estão no sistema financeiro,
no qual a liberdade operacional excessiva, estimulada pela informática, levou a
grandes abusos e desvios de finalidade, que terminaram na insolvência e
falência de importantes instituições financeiras, com enormes prejuízos para os
depositantes e investidores . Daí que o sistema financeiro não pode ter
liberdade incondicional, necessita ser fiscalizado e submetido a rígidos
controles e limites operacionais . Como, aliás, recomendamos Acordos da
Basiléia.
Fonte: JC
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