O foco da entidade é a criação e disseminação de uma linguagem contábil
unificada para a apresentação de demonstrações financeiras.
Em 2011, o Brasil fez uma contribuição de 229 mil libras à IFRS
Foundation. Trata-se da instituição arrecadadora dos recursos que financiam o
International Accouting Standards Board (IASB), o conselho supranacional,
sediado em Londres, responsável pela edição das normas internacionais de
contabilidade (em inglês, International Financial Reporting Standards - IFRS). O
foco da entidade é a criação e disseminação de uma linguagem contábil unificada
para a apresentação de demonstrações financeiras. Para o mercado, inclusive de
capitais, a difusão desse padrão favorece o gerenciamento de situações de
crise, a transparência, a segurança e a qualidade dos informes financeiros. No
âmbito das empresas, é um facilitador para a abertura de capital, a obtenção de
crédito e a prestação de contas para os vários stakeholders. IASB é um
organismo independente, mantido por doações (públicas e privadas) e pela venda
de publicações. Hoje, as grandes empresas de auditoria formam seu principal
grupo mantenedor, à frente inclusive dos Estados Unidos – o país que mais
contribuiu em 2011, com 1,7 milhão de libras. Como mostra o relatório anual da
entidade, sozinhas elas garantiram cerca de 20% (5,8 milhões de libras) do
orçamento da instituição. O que muitos se perguntam é se o voluntarismo dos
participantes e apoiadores deve continuar alicerçando a vida financeira da
entidade. Ou se esse modelo aumenta a vulnerabilidade a problemas de
governança. Embora historicamente nada exista que embase tal receio, fica a
dúvida: a disparidade excessiva nos valores doados pode comprometer a
independência de julgamento do IASB em situações nas quais se espera que ele
atue como um árbitro frente às grandes crises internacionais? Uma das soluções
para eliminar o risco é que a conta passe a ser dividida segundo parâmetros
mais consistentes. A principal tendência é que a lógica da proporcionalidade
com o PIB imponha-se naturalmente como denominador para determinar as
contribuições dos países adeptos. Também não causaria estranheza se a entidade
começasse a cobrar das empresas que adotam as normas internacionais. Nesse
cenário, o futuro pode pedir uma participação mais consistente por parte das
instituições e empresas brasileiras. Em 2011, a contribuição do Brasil (sexto
maior PIB mundial) ficou abaixo da realizada pela Índia (11o PIB no ranking e
contribuição de 256,7 mil libras). No ano anterior, nossa presença foi ainda
mais tímida: 196,8 mil libras. Ou seja, em 2011 doamos 16,3% mais do que em
2010, o que evidentemente não espelha o crescimento de apenas 2,7% no PIB entre
os dois períodos. Os números mostram, no mínimo, que falta a consolidação de parâmetros
mais precisos para as contribuições. Cedo ou tarde, o debate das alternativas
de sustentação das atividades da entidade acontecerá. Enquanto o assunto
amadurece, o IASB espera reforçar o caixa com o aumento da participação de
Estados Unidos, Canadá, China, Japão, Rússia e países emergentes que estejam aderindo
ao padrão. Na América Latina, por exemplo, apenas o Brasil já deu esse passo.
Argentina e México começam a adotar as normas internacionais de contabilidade
em 2012, mas as outras nações do bloco ainda não se pronunciaram.
Fonte:
JC
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