Brasileiro paga por dia R$ 4,36 bi em impostos


De acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, carga tributária do País bateu recorde nos últimos dois anos e chegou a 36,27% do PIB.
Apesar do crescimento minguado da economia – apenas 0,9% – os brasileiros nunca pagaram tanto imposto. Mesmo com as desonerações feitas pelo governo nos últimos meses, estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que a carga de tributos do País bateu recorde nos últimos dois anos e chegou a 36,27% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. A arrecadação atingiu R$ 1,59 trilhão no ano passado – R$ 4,36 bilhões por dia –, ante R$ 1,49 trilhão registrado em 2011. O levantamento estima que o trabalhador brasileiro pagou, em média, R$ 8.230,31 em impostos, aumento de R$ 460,37 em relação ao ano anterior, quando os tributos representaram 36,02% do PIB. O coordenador de estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, explicou que o crescimento da carga tributária frustrou as expectativas dos especialistas, que esperavam reduçãodo peso dos impostos em 2012, puxada pela queda na atividade econômica do País aliada às desonerações anunciadas pelo governo. Para Amaral, apesar de o trabalhador ter sido aliviado em determinados setores da economia, outros passaram a pesar mais. “Vários produtos tiveram o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido no ano passado, por exemplo, mas o Estado arrecadou muito com a mudança nos cálculos do ICMS, PIS e Cofins”, afirmou. “Apesar de não terem mudado a alíquota, o novo cálculo representou maior oneração ao contribuinte”, completou. Não à toa, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um dos principais responsáveis pela pesada carga tributária nacional, com crescimento de R$ 28,48 bilhões em relação à 2011. O tributo só fica atrás da arrecadação da Previdência Social (R$ 30,73 bilhões a mais do que no ano anterior) e é seguido pela Cofins (R$ 16,36 bilhões) e pelo Imposto de Renda (R$ 14,33 bilhões). De acordo com Amaral, o peso das taxas pode prejudicar ainda mais o crescimento do PIB brasileiro a longo prazo, à medida que onera não só o custo dos serviços e produtos, mas também o da produção. “A carga tributária só seria benéfica se tivéssemos qualidade de serviços públicos; infelizmente o País mantém arrecadação elevada de impostos sem investimentos a médio e a longo prazos”, disse. E a tendência é que o contribuinte continue pagando cada vez mais tributos. Para o especialista Jacques Veloso, da Veloso de Melo Advogados, os aumentos acontecem à medida que o brasileiro tem ganhos na renda e o governo otimiza os métodos de controle adotado pelas receitas para gerar uma menor evasão fiscal e maior controle da arrecadação. “O Estado não gera riqueza, é sustentado pela tributação. Quanto maior o Estado, maior a necessidade de retirar parte da riqueza do contribuinte”, afirmou. “Além do mais, se o governo continuar com as desonerações, o consumo acaba estimulado e, consequentemente, a arrecadação cresce pelo volume de produtos comprados”, completou.

Fonte: JC

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