Com
a alta da Selic ontem, o Brasil subiu uma posição no ranking de países com os
maiores juros reais do mundo. Por esse parâmetro, são levados em conta não só
as taxas básicas como também a inflação de cada país. Até ontem, o Brasil era o
quarto colocado numa lista que tinha a China, o Chile e a Argentina como os
líderes em juros reais, numa relação que considera as taxas acumulados nos últimos
12 meses. Com a subida dos juros, o Brasil deverá ultrapassar a Argentina, e,
assim, ocupar o terceiro posto na lista montada pelo economista Jason Vieira,
da MoneYou. Ate o fim do ano, porém, o Brasil poderá ocupar posições ainda
maiores nesse ranking, a julgar pela curva de juros futuros, que projeta que
novas altas para a Selic. Essa curva representa as negociações de bancos e
fundos de investimento com contratos futuros cujo parâmetro é o Depósito
Interfinanceiro (DI), uma variável financeira que tende a acompanhar o
comportamento da Selic. A aposta dos investidores é que o BC faça mais duas
elevações na taxa, de 0,5 ponto cada, em outubro e novembro, nas duas últimas
reuniões do ano do Copom. Com isso, a Selic iria a 10% ao ano, enterrando de
vez a bandeira do governo Dilma Rousseff de ter levado os juros básicos ao
menor patamar histórico. Para analistas, foi justamente por ter derrubado os
juros para 7,25% ao ano, abrindo espaço para o consumo das famílias, que o BC
passou a colecionar problemas para colocar freio na disparada dos preços. “O BC
tem expressado (em seus comunicados) que quer ver a inflação caindo este ano e
no ano que vem. A decisão de apertar a política monetária (subir juros) tem
justamente esse objetivo, de buscar um crescimento mais fraco”, disse o
economista chefe do banco espanhol Santander, Maurício Molan. “Obviamente”, completou,
“em um ano eleitoral, essa política não cria um ambiente favorável para o partido
da presidente. Mas, como já vimos no início do ano, derrubar a inflação traz
fortes dividendos eleitorais para o governo, e isso também terá um peso
importante em 2014.” Na avaliação dele, o BC deverá continuar elevando a taxa
básica de juros em 0,5 ponto por reunião do Copom até que se tenha certeza de
que os preços estão, de fato, caminhando para baixo. Essa política deve ser mantida,
disse Molan, até mesmo no ano que vem, dependendo do humor dos empresários e do
ritmo de elevação do dólar. “Se ele (o BC) perceber que a inflação não está
cedendo e que o impacto do câmbio está sendo muito forte sobre os preços, ele deve
continuar elevando os juros. É claro que uma dose mais forte dos juros pode
acabar penalizando justamente a economia. Portanto, a pergunta a se fazer é até
quando o BC vai prosseguir com essa política mais restritiva?”, disse.
Fonte: JC
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