Selic deverá subir para 11%.

De 42 economistas e consultores ouvidos pelo Jornal do Commercio e agência Bloomberg, 41 apostam que a taxa básica de juros, hoje em 10,75% ao ano, será corrigida em 0,25 ponto percentual na reunião que começa amanhã e termina quarta-feira.

A expectativa do mercado é de novo aumento da taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa amanhã e termina na quarta-feira. De 42 economistas e consultores ouvidos pelo Jornal do Commercio e agência de notícias Bloomberg, 41 acreditam que a Selic subirá 0,25 ponto percentual, para 11% ao ano, e apenas um crê na sua manutenção no patamar atual de 10,75%. A principal razão para o ajuste continua a ser a persistente alta da taxa de inflação. Para o economista-chefe do Besi, Jankiel Santos, o ajuste na Selic está ligado ao temor de que o aumento dos preços se acentue ao longo deste ano e saia do controle do governo. “Julgamos que a elevação da probabilidade de a variação anual do IPCA romper o teto da banda de tolerância em 2014 – conforme divulgado no Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central – será o principal motivo para a continuidade do ciclo de aperto monetário”, afirma Santos. O risco de não cumprir pela primeira vez a meta inflacionária forçará o governo a botar o pé mais fundo no freio da economia. “Projetamos que a taxa básica de juros encerre 2014 no patamar de 11,25% ao ano, o que implica nova elevação de 0,25 ponto na reunião de maio, após a provável alta no encontro de abril”, completa o economista. A perspectiva de que será preciso continuar aumentando a Selic se deve a dois fatores: inflação ainda elevada em 12 meses e os recentes choques de alimentos que pressionaram o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no primeiro trimestre, explica o economista da LCA Consultores Antonio Madeira, que acredita em mais um reajuste na reunião de maio. “Ela (a taxa) chegará a 11,25% e permanecerá assim em 2015”, acredita. A ação do Copom também precisará se antecipar a outro problema que se tornará inevitável até o fim do ano: o aumento no preço dos combustíveis e da energia elétrica, que vem sendo segurado pelo governo para não piorar o quadro inflacionário. “A inflação de curto prazo ainda se mostra persistente, além disso também será preciso lidar com os reajustes que estão sendo represados”, afirma André Perfeito, da Gradual Investimentos. Entre o fim deste ano e o início de 2015 estes reajustes precisarão ser feitos. Para Perfeito, haverá um prolongamento do ciclo de altas na Selic, que se acreditava anteriormente estar chegando ao fim. “Diante destas questões, a taxa deve ser reajustada em 0,25 ponto percentual nas próximas três reuniões”, diz o economista, em referência aos encontros do Copom de maio e julho, além do que começa amanhã. Assim, o ciclo se encerraria com a Selic a 11,5% ao ano. “Pessoalmente acho que não seria necessário aumentar tanto (a Selic) para controlar a inflação, mas as expectativas para inflação não são boas; por isso o BC deve dar uma resposta ao mercado financeiro”, opina. O mercado aposta, em média, em inflação de 6,28%, longe da meta oficial de 4,5%. A expectativa de mais três aumentos na taxa básica de juros representa uma deterioração na perspectiva para a economia brasileira. Antes da reunião do Copom de fevereiro, o mercado previa o fim do ciclo de altas da Selic ou, no máximo, mais um reajuste para cima, na reunião de abril. “Dados da atividade econômica e a inflação na casa dos 5,4% devem levar o Copom a realizar reajuste de 0,25 ponto percentual nessa reunião e encerrar o ciclo”, chegou a afirmar na ocasião Flávio Serrano, do Espirito Santo Investment Bank. “Apesar de o Banco Central ter deixado a ‘porta aberta’ para um novo reajuste, acredito que a atividade econômica estagnada forçará o fim desse ciclo de aumentos”, disse na época. Até o próprio BC admitiu no Relatório de Inflação, divulgado na última quinta-feira, que será preciso adotar medidas mais duras para o controle da alta dos preços. Nas contas da autoridade monetária, a inflação deve fechar o ano na casa de 6,1%, mais longe ainda do centro da meta de 4,5%. Em setembro, quando deve atingir seu ápice, a inflação chegará a 6,4%, bastante próximo do limite de tolerância de 6,5%, proposto pela própria autoridade econômica. A sinalização de que os juros subirão mais para dar conta da inflação, como prevê tanto o mercado quanto o governo, impactará diretamente no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que será ainda menor do que o de 2013, segundo o BC, na casa dos 2% – ante os 2,3% do ano passado. O aumento tímido será “amparado no cenário de manutenção das baixas taxas de desemprego e de ganhos reais de salários moderados”, diz o relatório do BC, ao prever também menor crescimento da renda do trabalhador. 
Ciclo 
Depois de a Selic atingir a sua mínima histórica de 7,25% ao ano em agosto de 2012 e permanecer em tal patamar por oito meses, pressionada pela inflação que assolou o Brasil desde o primeiro semestre do ano passado, o Copom decidiu em abril de 2013 iniciar um ciclo de aumento na taxa. De lá para cá foram oito reajustes sucessivos. Em janeiro, a taxa voltou à casa dos dois dígitos e em fevereiro chegou ao patamar mais alto desde 2011. Caso se confirmem as expectativas dos economistas. A taxa terá subido em todas as reuniões realizadas nos últimos 12 meses, o que representará um dos maiores ciclos de aumento da Selic desde que o sistema foi implantado, em 1999. Ao todo o reajuste terá sido de 3,75 pontos percentuais, o que representa 51,7% da taxa registrada no início de 2013.




Fonte: JC

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