Banco surge em
resposta a tentativa mal sucedida de aumentar a influência dos emergentes no
FMI e no Banco Mundial, reforçando a insatisfação na ordem econômica mundial.
Líderes dos Brics se reunirão nesta semana
para lançar um banco de desenvolvimento e um fundo de reservas emergenciais, no
mais ousado desafio ao multilateralismo ocidental que tem moldado as finanças globais
desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Brasil, China, Índia, Rússia e África do
Sul aprovarão, amanhã, a criação da instituição, após dois anos de negociações árduas,
num importante passo para o grupo conhecido mais por sua retórica anti-Ocidente
do que por ação coordenada. Os Brics injetarão inicialmente US$ 50 bilhões no
banco, com cada país contribuindo com igual fração. Com isso, buscarão
conseguir influência global oferecendo a países em desenvolvimento
financiamento alternativo ao Banco Mundial (Bird) e ao Fundo Monetário Internacional
(FMI), há tempos dominados pelos Estados Unidos e pela Europa. "É
simbolicamente importante. Sinaliza a insatisfação dos Brics com sua posição no
palco econômico global", assinalou o economista Charles Collyns, do
Institute of International Finance, que representa os principais bancos
privados e instituições financeiras do mundo. "O fato de que eles
conseguem se juntar e acertar a implantação da instituição é um símbolo
importante de sua crescente importância", acrescentou. O banco será
chamado Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), não "Banco Brics",
deixando a porta aberta para outros países emergentes como Turquia, México,
Indonésia e Nigéria se juntarem como sócios no futuro. Os líderes dos Brics
também decidirão que país controlará a primeira presidência de 5 anos do NBD e
se o banco será sediado em Xangai ou em Nova Délhi. Temores de que a China, cuja
economia é muito maior do que às de todos os outros Brics somadas, poderia
tomar o banco para atender seus próprios interesses, levantaram dúvidas sobre
seu futuro. Além do banco, os emergentes também criarão um fundo de reservas de
contingência de US$ 100 bilhões, que poderia começar as operações até 2015 para
ajudar qualquer um de seus membros, se forem atingidos por fuga súbita de
capitais. O NBD e o fundo de reservas vêm em resposta a tentativas mal sucedidas
de aumentar a influência dos Brics no FMI no centro da ordem de Bretton Woods
criada pelos EUA e pela Europa. Os poderes de voto dos Brics no FMI não
refletem a tremenda ascensão de suas economias, que agora respondem por quase
um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) global e sustentam 40% da população do
mundo.
Fonte:
JC
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