Real foi a moeda que mais desvalorizou.

Se o cenário externo foi responsável pelo ajuste das moedas ao comportamento do dólar no mundo todo, no Brasil o desempenho do câmbio, ontem, foi definido pelo cenário eleitoral, segundo especialistas. A desvalorização do real ante a divisa dos Estados Unidos foi a maior entre uma cesta de 34 moedas. "O mercado entrou com todas as fichas numa vitória da oposição e pagou para ver. O que vemos hoje (ontem) é a reversão desse movimento", avaliou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. "Se o avanço de Dilma se confirmar nas próximas pesquisas, o céu é o limite para o dólar", sentenciou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel, para quem a moeda americana pode ir acima de R$ 2,50 no curto prazo. O movimento da sessão de ontem, de acordo com operadores, foi turbinado pela decepção do mercado após não se confirmarem boatos de que a Veja publicaria reportagem sobre novo escândalo desfavorável à reeleição de Dilma. Na sexta-feira, essa especulação levou a moeda americana a fechar em queda ante o real, descolada do exterior. O cenário externo também impulsionou o dólar. Investidores evitaram comprar ativos de maior risco por cautela antes da divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos na sexta-feira, levando a divisa americana a subir contra moedas emergentes, como as do Chile e do México. Os números podem reforçar as expectativas de que a alta dos juros americanos ocorra de forma mais intensa do que a esperada, atraindo recursos aplicados em outros países.
De olho no BC
A forte pressão cambial levou alguns investidores a cogitar a possibilidade de o BC brasileiro intervir com mais força no mercado para limitar o impacto inflacionário da alta do dólar. "Nesses níveis, o mercado opera com especulações de que o BC pode aumentar a intervenção, o que impõe alguma cautela, mas é claro que isso não é o suficiente para trazer o dólar de volta para os níveis de dois meses atrás (na faixa de R$ 2,20 e R$ 2,25)", previu o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Battistel, da Fair, acredita que o BC pode atuar com mais força no mercado para evitar essas arrancadas, ampliando os leilões de swaps, entrando com leilões de linha ou até mesmo com venda de dólares à vista. Alguns analistas, contudo, apostam que o BC não fará intervenções adicionais, atuando apenas por meio dos leilões diários e das rolagens de swaps, uma vez que o movimento do real está, em certa medida, alinhado com o de outras moedas emergentes. Toda a região tem sofrido com temores de que os juros dos Estados Unidos subam de forma mais intensa do que a esperada. "Não é uma questão de liquidez que está prejudicando o mercado, é uma questão de expectativas", afirmou o operador de um importante banco nacional. "Com falta de liquidez, o BC consegue brigar. Com expectativas deterioradas, não vale a pena comprar briga." Até agora, a autoridade monetária deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, colocando nesta sessão a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem à venda futura de dólares. Foram vendidos 1,7 mil contratos para 1º de junho e 2,3 mil para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a US$ 197,5 milhões. O BC também vendeu a oferta total de até 15 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em outubro e, com isso, rolou praticamente todo o lote, que corresponde a US$ 6,677 bilhões. O próximo lote de swaps vence em 3 de novembro e equivale a US$ 8,84 bilhões. O mercado espera que esses contratos sejam rolados integralmente. (Com agências)






Fonte: JC

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