O próximo governo terá de elevar a taxa
básica de juros (Selic) mais cedo do que imaginava. A perspectiva dos
economistas consultados pelo Banco Central no relatório Focus divulgado ontem é
que a Selic terá de passar dos atuais 11% para 11,5% ao ano já em março de
2015. No Focus anterior, previa-se esse nível de juros básicos só em setembro
do próximo ano, com a primeira elevação em julho (11,25%) e ampliação na
reunião seguinte do Comitê de Política Monetária (Copom). Com o novo quadro
previsto pelos analistas, a Selic terá o seu maior nível em julho de 2015,
quando atingirá 12% ao ano. A taxa voltará ao nível atual apenas em março de
2016, segundo os analistas ouvidos pelo BC. Para este ano, há uma divisão:
alguns apostam em 11,25% e outros, em 11,5% ao ano. O Copom terá de calibrar a taxa
básica de juros com muito cuidado nos próximos meses. No Focus, os economistas apontam
um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de apenas 0,24%. Há 19
semanas seguidas este indicador é ajustado para baixo. A estimativa de expansão
já é metade do que o 0,48% previsto há um mês. Para 2015, espera-se um
refresco, com a economia devendo avançar 1%. ´O principal fator negativo para o
crescimento será o setor manufatureiro, segundo o Focus. Neste ano, a produção industrial
deverá ter retração de 2,14% e, em 2015, registrar recuperação de 1,4%. Esta previsão,
porém, já se enfraqueceu, pois que as previsões eram de expansão de 1,5% na
semana passada e um mês atrás.
Inflação
O cenário para a Selic comporta a projeção
de 6,32% para a inflação oficial (IPCA) neste ano e de 6,3% para 2015. As duas
taxas estão muito próximas do teto da meta estabelecida pelo BC, de 6,5%. No fim
do próximo ano, prevê-se o IPCA em 6,38%. O conjunto dos preços administrados
ou monitorados pelo governo, como tarifas de energia e telefone, por exemplo,
deve subir 5,20% neste ano. Nessa previsão mais negativa para a inflação, pesa
o comportamento recente do dólar, que chegou a passar de R$ 2,50 na semana
passada. Para o fim deste ano, o Focus aponta uma cotação de R$ 2,40. Mesmo com
estimativa menor do que os negócios nos últimos dias, a pesquisa feita pelo BC
tem apresentado correções constantes para cima – há um mês, estava em R$ 2,33. Para
o encerramento de 2015, espera-se um valor ainda mais alto, de R$ 2,50. "A
pesquisa Focus desta semana trouxe importantes ajustes nas projeções de câmbio para
o final deste ano e do próximo, em linha com as pressões no mercado à
vista", diz a analista da Tendências Consultoria Integrada Alessandra Ribeiro.
O recente rumo do dólar, afirma, é resultado de fatores externos e das últimas
pesquisas eleitorais que apontavam melhor desempenho da candidata Dilma Rousseff
nas eleições.
Fonte:
JC
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