As novas previsões –
de 7,3% neste ano e de 5,65% no próximo, contra 7% e 5,4% na pesquisa anterior
– estão acima do teto das metas fixadas, assim como já aconteceu em 2015.
O mercado financeiro não relevou o Banco
Central da semana passada turbulenta que proporcionou à condução da política
monetária e, como o esperado, fez disparar todas as expectativas para a
inflação de curto e longo prazos. O Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem
pelo BC, revela que a perspectiva é de estouro da meta neste e no próximo ano,
assim como já ocorreu em 2015. Pelo levantamento realizado com cerca de 120
instituições financeiras, o consenso sobre o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiu de 7% para 7,23%. Com isso, o ponto
central da pesquisa ficou ainda mais distante do teto da meta de 2016, de 6,5%,
mas já há quem preveja taxa de 8,91% em 2016. Já a perspectiva para a inflação
de 2017 saltou de 5,4% para 5,65%, com a máxima de 9% depois que o BC decidiu
manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano na semana passada. Vale lembrar
que até o primeiro dia de reunião da diretoria da instituição, a aposta maciça
era de alta da Selic para 14,75% ao ano. Essa avaliação começou a mudar quando
o presidente do BC, Alexandre Tombini, veio a público comentar que as projeções
piores do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a atividade doméstica eram
muito “significativas” e iriam ser consideradas na decisão sobre o rumo dos
juros. Mais impacto ainda trouxeram as cinco instituições cujas projeções para
o comportamento dos preços mais se aproximam da realidade, as chamadas Top 5.
Para elas, o IPCA deste ano será de 7,92% – e não mais de 7,54%, como
calculavam na semana passada. Para 2017, a mudança foi ainda mais grave: a
projeção para inflação disparou de 5,50% para 7,19%. Se este grupo estiver
correto, o BC terá de escrever a carta aberta ao ministro da Fazenda,
explicando os motivos que levaram ao estouro da meta (o teto do ano que vem é
de 6%), pelo terceiro ano consecutivo. Além da considerada trapalhada de
comunicação do BC na semana passada, também pesaram sobre as estimativas, a
alta da inflação corrente. Para o IPCA de janeiro, eles revisaram a expectativa
de 0,92% para 1,05%. Para fevereiro, após cinco semanas seguidas de previsões
em 0,8%, a taxa agora está em 0,85%. Esse mau humor contaminou também as
previsões para os anos seguintes, até 2020. Os analistas calculam que o IPCA
ficará em 5,1% em 2018 ante previsão anterior de 5%. Para 2019 e 2020, as
expectativas subiram de 4,5% para 5% nos dois anos. No grupo Top 5, a previsão
para 2018 saltou de 5,5% para 6%. Para 2019, subiu de 5,25% para 6% e, para
2020, de 5,5% para 6,25%. Apesar da expectativa de descontrole dos preços, a
tendência prevista para o rumo da Selic nos próximos anos é baixista. Para este
ano, a estimativa saiu de 15,25% para 14,64% ao ano na pesquisa Focus. O
documento ainda deve passar por atualizações nas próximas semanas, já que
muitos analistas vêm comentando, individualmente, que já contam com
estabilidade da taxa de juros até dezembro. Para 2017, a previsão de 12,88% foi
substituída pela de 12,75% ao ano. Não bastassem as ações do BC e a alta da
inflação corrente, variáveis importantes para a composição de índices de
inflação também apresentaram viés altista na Focus de ontem. Uma delas é o
conjunto de preços administrados e monitorados pelo governo, cuja estimativa
para 2016 subiu de 7,55% para 7,62%. A outra é o dólar: a cotação prevista pelo
mercado para este ano subiu de R$ 4,25 para R$ 4,30 e a para 2017 saiu de R$
4,30 para R$ 4,40. Para o Produto Interno Bruto (PIB) houve pouca mudança: a
expectativa de retração de 2,99% deste ano foi alterada para queda de 3% e a
perspectiva de recuperação em 2017 ficou mais tímida, saindo de 1% para 0,8%.
Fonte:
JC
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