Taxa Selic deverá ficar em 14,25% pela 6a vez seguida

Apesar da trajetória de queda da inflação, analistas apostam que a crise política terá forte peso sobre o comitê, que deve manter os juros básicos na reunião da próxima semana.

 Pela sexta vez consecutiva, a taxa básica de juros da economia, a Selic, deverá ser mantida em 14,25% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que será realizada na terça e quarta-feira da próxima semana. É o que preveem analistas ouvidos pelo Jornal do Commercio, que citam, entre os principais fatores que pesarão na decisão do Banco Central, a crise política, com o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, cujo processo foi aprovado pela Câmara dos Deputados e agora será analisado no Senado. O professor de Finanças do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais no Rio de Janeiro (Ibmec/RJ) e economista da Órama, Alexandre Espírito Santo, afirmou que o BC deverá manter os juros por conta do momento complexo da política, até porque existe a possibilidade de que seja a última reunião do Copom com a participação dos atuais membros da diretoria da autoridade monetária, uma vez que no próximo encontro o processo de impedimento da presidente já deverá estar concluído. “Pode ser que a próxima reunião já seja sob a batuta do novo Banco Central, em um eventual governo Michel Temer. Se assim for, a taxa pode cair um pouco mais forte na penúltima reunião do ano”, disse o economista. Para Espírito Santo, caso esse cenário previsto por ele se concretize, a Selic deverá encerrar o ano em 13,15% ao ano. Mas uma possível queda na Selic poderá ser menos intensa caso a presidente se livre do impeachment. “Se permanecer a Dilma, o juro básico deverá encerrar 2016 em 13,75% ao ano”, avaliou. Sobre a inflação, o economista do Ibmec/RJ ressaltou que a índice está em queda constante, mas não por causa de um ajuste efetivo na economia, mas pela piora do emprego, já que está ocorrendo perda da renda, o que faz as pessoas consumirem menos. “As pessoas estão consumindo bem menos porque perderam seus empregos e estão temerosas. Acredito que a inflação deve encerrar o ano em 6,8%”, ressaltou. Arnaldo Curvello, diretor da Ativa Wealth Management, também aposta na manutenção da Selic. Para ele, o BC deverá agir com cautela e esperar para ver se a inflação começa a convergir para dentro da meta, próxima do teto, que é de 6,5%. Ele acredita a também que o momento econômico influenciará diretamente nessa manutenção da taxa, e nas próximas reuniões tudo dependerá de quem irá assumir o governo, caso a presidente seja impedida de continuar no cargo. “Para as próximas reuniões dependerá de quem presidirá o Ministério da Fazenda, se terá um perfil que possa dar mais tranquilidade à atuação do BC. A política monetária é apenas uma ferramenta. Quando o governo é mais preocupado com as contas públicas, há possibilidade de ser mais efetivo na política monetária. Se o governo não tem esse controle, é mais difícil reduzir a taxa de juros”, explicou.


Contas públicas 

De acordo com Curvello, tudo indica que o próximo governo, caso Dilma seja afastada, atue com mais rigidez nas contas públicas, facilitando o trabalho de redução doa juros nas últimas reuniões do ano. Para ele, caso esse cenário se concretize, a Selic poderá chegar ao fim do ano em 12,5%. Sobre a inflação, ele prevê 7%, em dezembro, devido aos reajustes dos preços administrados, como tarifas de transporte e energia. Segundo o economista da Tendências Consultoria Silvio Campos Neto, o cenário deverá ser de manutenção da taxa graças à desaceleração da inflação, além do atual contexto que, para ele, requer uma atitude mais cautelosa do BC. “Não há espaço para afrouxamento. O câmbio tem se mostrado tranquilo com a recente valorização do real. Levando em conta uma mudança (na política nacional) que possa trazer o dólar mais para baixo, as últimas reuniões de 2016 poderão ser de queda, com a Selic chegando o fim do ano em 12,75%”, avaliou Campos Neto, que trabalha com perspectiva de inflação de 7% para o fim deste ano. Por fim, Antônio Porto Gonçalves, professor de economia da Escola Brasileira de Economia e Finanças, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), considera que não há hipótese de alta da Selic neste momento e que a taxa deverá permanecer em 14,25% ao ano. Mas, para ele, seria factível uma retração de 0,25 ponto percentual já na reunião da próxima semana. “A situação política pede essa redução, mas o BC não vai querer se beneficiar dessa confusão, então manterá a taxa como está”, completou. Segundo Porto Gonçalves, a inflação está caindo aos poucos e deverá encerrar o ano em 7%.








Fonte:MATHEUS GAGLIANO - JC 

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