Vale ganhou relevância na economia com aumento das exportações de minério

Minério de ferro é o terceiro produto mais exportado pelo Brasil. Consequências econômicas do desastre para a empresa e para o país ainda são difíceis de serem mensurados. 



A relevância da Vale na economia brasileira pode ser medida pelo peso que a exportação do minério de ferro tem na balança comercial. Atualmente, o minério é o terceiro produto mais exportado pelo Brasil, atrás apenas da soja e do petróleo. 

No ano passado, as vendas de minério para o exterior somaram US$ 20,215 bilhões e representaram 8,4% do total vendido pelo país. A Vale, segundo estimativa da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), tem uma fatia entre 70% e 80% do montante do produto exportado. 

"A companhia adquiriu uma importância grande. Hoje, é a segunda maior exportadora de minério de ferro do mundo", diz o presidente da AEB, José Augusto de Castro. 

O crescimento da importância do minério de ferro nas exportações ocorreu na esteira do crescimento da China. No início dos anos 2000, a economia chinesa chegou a apresentar taxas de crescimento superior a 10%. Com a aceleração da econômica chinesa, a demanda por produtos básicos cresceu, e países produtores de soja e minério de ferro – como é o caso do Brasil – se beneficiaram dessa expansão. 

Em 2001, por exemplo, a tonelada do minério de ferro era cotada a US$ 19. Em 2011, no auge, o preço da tonelada chegou a US$ 126. Nos anos seguintes, o valor do minério recuou até se estabilizar no patamar de US$ 50 a tonelada, entre 2017 e 2018. 


Impacto na economia
Por ora, ainda é difícil medir as consequências concretas para o resultado da companhia com o estrago causado pelo rompimento da barragem em Brumadinho, em Minas Gerais. A Mina Córrego do Feijão produz anualmente 8,5 milhões de toneladas de minério de ferro, o que é equivalente a 2% da produção de minério de ferro da Vale. 

Entre janeiro e setembro de 2018, a companhia produziu 283,652 milhões de toneladas de minério de ferro, um crescimento de 3,8% na comparação com 2017. A maior produção da companhia está no Sistema Norte. Lá a produção foi de 140,730 milhões de toneladas. 

"O impacto como um todo ainda é difícil de mensurar", afirma o sócio-diretor da consultoria MacroSector, Fabio Silveira. "O mais complicado é que o acidente ampliou as desvantagens que a empresa já enfrentava no cenário internacional. A China está desacelerando. Foi um desalinhamento de astros que não poderia ter ocorrido", afirma. 

No terceiro trimestre do ano passado, a companhia teve lucro de R$ 5,753 bilhões e foi a terceira empresa mais lucrativa do país, de acordo com a Economatica. 

No mercado financeiro, o estrago já se mostra grande. Na segunda-feira (28), a companhia perdeu R$ 70 bilhões em valor de mercado. A agência de classificação de risco Fitch também já rebaixou a nota de crédito da companhia de BBB+ para BBB-. 

Se para a economia nacional ainda é difícil medir o tamanho dos impactos provocado pelo acidente em Brumadinho, entre os economistas há uma certeza de que a economia de Minas Gerais deve ser afetada de forma intensa. "Para o Estado de Minas, é uma empresa muito importante. E é um Estado que está quebrado", Otto Nogami, professor do Insper 

Desde o acidente, a companhia já teve R$ 11 bilhões bloqueados pela Justiça. "Não descarto a importância do bloqueio desses valores. Mas esse tipo de iniciativa pode causar um dano social mais forte", diz Nogami.




Fonte: G1



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