Dinheiro contado

O volume de crédito, o principal insumo do crescimento econômico, continuou em expansão em junho, sem ainda conformar flagrantemente o início de recuperação. Esse processo está lento. A expansão foi puxada pela rolagem de dívidas vincendas, segundo o mapa divulgado pelo Banco Central, e não por novas concessões de crédito, que são as que importam para a retomada da economia.O estoque do crédito bancário aumentou 1,3% sobre maio, quando já havia crescido 1% sobre abril, atingindo R$ 1,278 trilhão 43,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Em base anual, acumulou aumento de 19,7% sobre junho de 2008. Tais dados podem impressionar, mas são inferiores aos praticados entre as economias maduras e em outros países emergentes, afora China, onde a relutância do consumidor em se endividar é um problema sério, levando a banca estatal a verter dinheiro a rodo para ativar na marra o mercado interno.Crédito fluindo em condições normais é premissa para uma economia saudável. Como se manifesta na China, com curso forçado, preocupa.É provável que termine numa montanha de dívida impagável, como se manifestou no Japão no fim da década de 80, criando um cenário de estagnação e desinflação não superado até hoje. E como se dava no pré-crise no mundo, banhado pela liquidez absurdamente generosa e juros baixos. Foi como um porre monumental, dando no que se sabe: colapso do crédito, acompanhada do endividamento brutal, nos EUA, e em menor escala em vários países europeus, arrastando o mundo.Lá, houve excessos, agora purgados com desendividamento e aumento da poupança em relação à renda disponível. Aqui, embora o ritmo de expansão do crédito até o agravamento da crise externa em setembro preocupasse o BC, razão pela qual vinha subindo a taxa Selic desde o início do ano, o problema é de baixa financeirização sobretudo entre pessoas e as pequenas e médias empresas, todas afetadas pelo alto custo do crédito cobrado. É caro até nos bancos públicos.Em relação ao PIB, o volume de crédito não chegava a 30% até 2002. Cresceu muito desde então, mas nada que se compare às taxas acima de 70% na maioria dos países com economia estável. Ao ritmo em que se dá a recuperação, levará tempo para que as alcance. As novas concessões de crédito, pelo mapa do BC, diminuíram 3% em junho em relação a maio, quando haviam caído 0,2% sobre abril, que recuara 3%. Isso não significa recuperação do crédito, mas encolhimento.
Fonte: B.C.

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