Os bancos paralelos

A Associação Promotora de Estudos de Economia (Apec) insiste, há tempos, em que os problemas atuais da crise mundial são muito mais de regulação, para prevenir e combater a especulação, do que propriamente monetários ou de liquidez. Segundo a entidade, presidida pelo ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas, o movimento de capitais estrangeiros é, hoje, uma fonte de inquietações, tal o volume e a volatilidade que adquiriu, influindo mais sobre a taxa de câmbio que o saldo da balança comercial e serviços. "Há uma ‘liquidez empoçada’ nos Estados Unidos, em nome dos bancos, de US$ 1,3 trilhão, aos quais vêm se somar US$ 600 bilhões, de decisão recente", lembra, acrescentando não haver tomadores para esses fundos nem disposição de emprestar do sistema bancário. E afirma: "Daí que esse capital ocioso vagueia pelo mundo, buscando alguma aplicação rentável. O Brasil é o destino ideal desse capital especulativo, atraído pela maior taxa de juros no mundo fixada pelo Banco Central para os títulos públicos e Fundos de Renda Fixa." De acordo com a Apec, tal anomalia está levando o Tesouro a expandir a dívida pública para adquirir o excesso de dólares. Em 2010, as reservas cambiais aumentaram US$ 49,1 bilhões, enquanto a dívida pública bruta cresceu R$ 38,1 bilhões, por conta, basicamente, do pagamento de R$ 195,4 bilhões de juros. Depois de lembrar que Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, acaba de dizer que não se pode resolver a inflação só com taxas de juros, a Apec salienta que a invenção mais perigosa dos últimos 30 anos foi a dos derivativos operados pelas BM&Fs mundiais, nas áreas dos juros, taxas de câmbio, hipotecas, commodities, e até mesmo das variações do clima. E conclui: "Essas operações, diferentemente das operações tradicionais dos bancos, não têm uma regulação rígida, não têm limites prudenciais. São realizadas principalmente pelo sistema bancário paralelo, surgido na esteira das inovações da informática. Em vez de reduzir, agravam as incertezas, confundem os mercados e provocam inflação."Tropa de eliteO líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP), foi escalado pela presidenta Dilma Rousseff para torpedear a tentativa de CPI das obras da Copa, que tem à frente Anthony Garotinho (PDT-RJ).
Fonte: JC

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