Ouro surge como a primeira aposta para 2012

O ano novo chegou. Pelo menos na cabeça da grande maioria de analistas de mercados financeiros. Embora haja quem ainda vislumbre fortes ralis no restante de novembro e dezembro, bem como quem ande esperando por um crash a qualquer momento, o consenso é de que o quadro de alta volatilidade, sem viés definido, deverá permanecer até o fim de 2011. As atenções agora se voltam para 2012. Em meio a muita controvérsia nas previsões para o desempenho de ativos como ações, commodities em geral e dólar no ano que vem, sem demonstrações de firmes convicções a respeito de nenhum deles, o ouro saiu na frente, no que tange a estimativas mais criteriosas, que abrangem detalhes como a banda dentro da qual a cotação do metal deverá oscilar no ano vindouro. As perspectivas são boas e merecem a atenção do investidor.
Esse ano, a performance do ouro demonstrou ser mais influenciada (do que por qualquer outro fator) pelo que acontece nos mercados de câmbio. A commodity dourada, na verdade, vem sendo tratada praticamente como moeda. A regra básica tem sido que o enfraquecimento de índices que aferem a força do dólar contra cestas de (outras) divisas empurra para cima o preço do ouro. Dólar cai, ouro sobe. Conforme abordado recorrentemente pela coluna, essa correlação tem uma lógica: com a referência monetária mundial (o dólar) sob fogo cerrado e perdendo valor, o metal precioso, que era o padrão monetário predecessor à unidade norte-americana, serve como porto seguro, como um refúgio para investidores. Principalmente tendo-se em vista a total falta de uma nova opção.

Após a expressiva correção ocorrida no preço do metal em setembro – quando o valor à vista da onça-troy nos mercados internacionais despencou de US$ 1.921 (maior cotação já registrada) para uma mínima de US$ 1.532 (um recuo de 20%) –, as cotações começaram a subir novamente, com a onça-troy valendo no fechamento de sexta-feira US$ 1.788. Há poucos meses, quando o preço caminhava para o recorde histórico do início de setembro, esta coluna ponderou sobre a possibilidade de uma correção mais acentuada a qualquer momento (naquela ocasião), e chegou a apontar US$ 1.600 como sendo um primeiro bom ponto para entrada (compra) e US$ 1.500 um segundo, sendo que não dava para dizer se esse último patamar seria alcançado, caso o recuo se confirmasse. A correção aconteceu e, dadas as estimativas que começam a pipocar para 2012, quem comprou entre esses dois níveis está hoje extremamente bem posicionado.

Para o analista James Steel, do HSBC, a onça do ouro será negociada no ano que vem entre US$ 1.700 e US$ 2.300. A opinião de Steel está em linha com a da maioria dos estrategistas que já se pronunciaram. Na sua visão, os mercados de ativos financeiros de primeira classe (ouro incluído) manterão o padrão atual, predominando as séries de sessões extremamente voláteis, pelo menos durante o próximo ano-calendário. Para ele, o preço médio do metal durante 2012 ficará em torno de US$ 2.025. Tendo-se em vista que a onça hoje está sendo transacionada em torno de US$ 1.788, até o preço médio haveria margem para valorização da ordem de 12%. Para quem adquirir ouro no preço atual, considerando-se o valor máximo da banda (US$ 2.300), o potencial de ganho atinge 29%. No lado negativo, tomando-se como base o preço mínimo da banda (US$ 1.700), haveria um risco de perda de até 5% no ano. Levando-se em conta que surpresas impensáveis têm ocorrido em anos recentes, e que erros grotescos em previsões vêm se multiplicando, mesmo assim a análise de Steel soa bastante sensata e coloca o ouro como uma ótima opção para alocação de parte do portfólio, se a compra for feita no presente patamar de preço.


Fonte: JC

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