Poupança intocável

O tema caderneta de poupança ainda é tabu. O governo sabe que deve mexer na rentabilidade, o assunto já foi exaustivamente debatido em nível técnico, mas enquanto a taxa básica de juros da economia (Selic) permanecer num patamar acima de 8,5%, o Palácio do Planalto não quer nem ouvir falar em mudanças na remuneração paga pela aplicação. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, saiu a campo para declarar que não se cogita fazer qualquer intervenção no momento. Um levantamento técnico aponta que a melhor alternativa para o rendimento da poupança, hoje fixado em lei em 6,17% ao ano, mais a Taxa Referencial de Juros (TR), é vincular a remuneração da caderneta a um percentual da taxa Selic. Muitos economistas concordam, mas acham que o governo perdeu tempo e agora é tarde. Para eles, o rendimento da poupança deveria ter mudado quando a taxa Selic estava elevada. Daí, não passaria para a sociedade a ideia de confisco, um trauma da era Collor. “A Selic só não caiu abaixo de 8,75% em 2009 por conta da remuneração da caderneta de poupança. Nesse sentido, os 9%, que é o patamar que se espera para a taxa que será definida em abril, parece suficiente para não gerar constrangimentos maiores”, avaliou André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos. A seu ver, a taxa Selic ficará nesse patamar por muito tempo. “Para alterar a remuneração da poupança, o governo precisa encaminhar uma proposta ao Congresso, e o clima não anda nada bom na base do governo. Soma-se à isso o fato de 2012 ser um ano eleitoral. Não teremos a menor chance de isso acontecer”, observou. Mesmo diante da insistência do governo em garantir que nada vai mudar, a oposição afia as garras. O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), afirmou que se o governo levar adiante qualquer proposta de mexer na caderneta seu partido fará uma ampla campanha nacional, inclusive durante o horário obrigatório que o PR dispõe no rádio e na televisão, para denunciar o confisco.

Fonte: JC

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