Renda vai continuar ancorando crescimento

A trajetória de expansão da renda real no Brasil deverá manter-se como o único anteparo da economia, compensando os impactos negativos da fraca atividade industrial, por pelo menos mais um ano e meio ou dois, segundo analistas ouvidos pela reportagem. Na média, eles esperam crescimento de aproximadamente 3% da renda real neste ano e algo como 2% em 2013, o que levará a massa salarial a um crescimento de 5% e 4%, na mesma ordem. O setor industrial só voltará a dar contribuição mais efetiva ao crescimento econômico e ao nível de emprego entre 2013 e 2014. A lógica é que, com a renda real crescendo – aumento do salário mínimo e formalização do trabalho, entre outros fatores , o consumo se manteria robusto, fazendo com que o setor de serviços continue a absorver nos seus quadros o pessoal dispensado pela indústria, além da abertura de novas vagas, o que por seu turno manteria também em expansão a massa de salários. Ao mesmo tempo, a indústria escorrega na avalanche de importações e nos baixos níveis de produtividade. Na BB DTVM, o cenário básico delineado pelo economista-chefe Marcelo Gusmão Arnosti contempla uma retomada da atividade industrial já a partir do segundo trimestre deste ano, podendo chegar a taxas mais fortes nos dois últimos trimestres, em torno de 1,5% (algo em torno de 6% em termos anualizados) em resposta a três vetores: cenário externo mais forte, demanda doméstica aquecida e incentivos do governo. –, entre outros fatores. Na LCA Consultores, o economista Fábio Romão projeta crescimento de 3,2% da renda real neste ano e de 2,4% no ano que vem. A massa salarial crescerá 5% em 2012 e deve mostrar expansão de 4,8% no ano seguinte. Em 2012, explica Romão, a renda crescerá menos porque o ganho real do salário mínimo também será menor, na esteira do crescimento de 2,7% do Produto Interno Bruto (P I B) em 2011 vindo de 7,5% em 2010, o que levou ao aumento de 14% do mínimo em 2012, em ter mos nominais em vigor desde janeiro. “O forte do crescimento da massa salarial neste ano será via renda. É por isso que a massa de renda cresce mais que a ocupação”, avalia Romão. Para ele, em 2013 estas forças deverão se equilibrar, com a ocupação crescendo um pouco mais e a renda, um pouco menos.

Fonte: JC

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