A
palavra crise é mais falada hoje em todo o mundo do que no ano passado. Países
da União Europeia (UE) vivem num remoinho de incertezas e de dificuldades
financeiras. Desemprego crescente, inadimplência grassando e recessão assumida
por muitos deles, com graves consequências para a população. Os Estados Unidos,
em ano de eleições presidenciais, tentam injetar estímulos
na produção industrial e diminuir o desemprego. Por sua vez, o Brasil deve ter
um crescimento discreto este ano — talvez abaixo dos 2,7% registrados em 2011
—, ao mesmo tempo em que precisa investir em infraestrutura, se quiser auferir
um PIB mais encorpado adiante. O clamor nesse sentido é geral. O
coro é por menos gastos públicos de custeio em troca de investimentos. No
passado, a China fez isso: apostou pesadas somas em infraestrutura e hoje colhe
frutos graúdos, podendo incentivar o consumo da população para minimizar os
efeitos da crise internacional. Ninguém desconhece que rodovias, aeroportos,
ferrovias e portos não se materializam com um piscar de olhos, mas em nosso
país os processos que envolvem obras desse tipo são excessivamente
pachorrentos. Haja órgãos públicos para julgar, dar pareceres, autorizar,
fiscalizar, liberar, auditar! Nesse trajeto, muitas vezes, entram mãos
corruptas que atravancam as concorrências e surrupiam o dinheiro do
contribuinte. O governo nunca arrecadou tanto, o que lhe permite investir em
infraestrutura, redundando em crescimento do país. No entanto, recursos são desperdiçados com
uma máquina inchada e baixa produtividade. Com a taxa de juros em queda e menos
inflação este ano, haverá mais dinheiro porque o Tesouro pagará menos juros do
que os R$ 216 bilhões desembolsados no ano passado. O Brasil poderia ter
avançado nas concessões e parcerias público privadas (PPPs), mas não o fez. Dessa
forma, vê-se que a crise internacional afeta o país, pelo menos quanto
ao comércio externo. A Europa tem que resolver até agosto seus problemas e
encontrar um norte, em decisão conjunta no fórum da UE. Hoje, a dúvida por lá é
injetar mais recursos na economia e recuperar a capacidade de compra da população
ou aumentar o rigor fiscal, como quer a França. A China tem
o Velho Continente como grande consumidor de seus produtos e, por tanto, o gigante asiático vai também parar.
Norte-americanos e chineses consomem menos. Para o país asiático, o Brasil
vende essencialmente minérios e alimentos. Portanto, é preciso caminhar mais
rápido com o andor e fazer investimentos em obras e na formação profissional,
pois há segmentos produtivos que já importam mão de obra estrangeira, onerando
seus custos, os quais acabam desaguando na carteira do consumidor. Com um
primeiro semestre tido por muitos como perdido, o negócio é torcer por um
segundo menos aflitivo. Não custa nada cultuar o otimismo.
Fonte: JC
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