Dólar deixa as demais aplicações na lanterna


Içada pelas mãos do BC, a moeda americana, com valorização de 4,98% no mês, foi ameaçada apenas pelo ouro, que correu por fora e cravou 3,82% de rentabilidade

Impulsionado pela política de incentivo aos setores exportadores por parte do governo, o dólar despontou como o melhor investimento de novembro, com valorização de 4,98%, deixando para trás o Ibovespa –  principal indicador da bolsa de valores doméstica – com alta mensal de 0,71%. O ouro também encabeçou o ranking das aplicações mais rentáveis, com ganhos de 3,82%. Na renda fixa, o Certificado de Depósito Bancário (CDB) se manteve estável a 0,59%. Já o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e a caderneta de poupança registraram desempenho inferior a outubro, com 0,52% e 0,4134%, respectivamente. O rali de compras que analistas estimavam para o Ibovespa nessa reta final de ano ainda não ocorreu. Para o diretor da FCL Consultores, Fábio Cornélio, o mercado acionário continuará nesse marasmo até o encerramento do ano. “Esse ano foi péssimo para investimentos em bolsa. Só não ultrapassou 2008, porque aquele ano foi o auge da crise financeira e assustou o mundo”, comparou Cornélio. O diretor da FCL lembrou que o Ibovespa até subiu no início de novembro. O temor fiscal nos Estados Unidos e, posteriormente, as incertezas que o governo gera com as constantes intervenções em setores, porém, estimularam movimentos de realização de lucros. “O índice deve permanecer estável. Em 2013, o País tem tudo para crescer e dar fôlego para os investimentos em bolsa”, estima. Para o diretor da Leandro & Stormer, Leandro Ruschel, está faltando liberdade para o mercado financeiro, o que está prejudicando os negócios com ações. Na avaliação de Ruschel, o Brasil não aprendeu com economias mais avançadas que não é sustentável apostar no crescimento do País com base no consumo. “Se pegarmos outras economias emergentes, estão melhores do que o Brasil. A crise internacional certamente é um entrave para investimentos, mas não é o principal motivo para esse resultado que temos internamente”, opinou. Ruschel lembra que o Ibovespa não está se movimentando como o apresentado historicamente na reta final do ano. Não descarta, porém, a possibilidade de pressão compradora em dezembro. “É difícil o índice ultrapassar a zona dos 60 mil pontos e o movimento lateral provavelmente continuará. O piso está situado nos 55.200 pontos e a resistência em 59.660 pontos”, reforçou. Dólar e ouro O dólar brilhou em novembro com a maior valorização entre os ativos financeiros. Na avaliação do diretor da FCL, Fabio Cornélio, o desempenho da moeda americana está atrelado à interferência do governo brasileiro em deixar a moeda num patamar favorável à exportação. Cornélio é favorável à valorização do dólar frente ao real para ajudar a balança comercial. “Só exportamos 10% do PIB. Ainda temos condições de melhorar a exportação”, justificou. O diretor da consultoria estima que a moeda americana possa chegar a R$ 2,30. “Até R$ 2,15 ainda é adequado” diz. Por sua vez, o ouro, apesar de não liderar a ponta de valorização do mês, vai se despontando como a melhor aposta de 2012, em alta de 23,16%, refletindo o cenário conturbado da economia mundial. Para Fábio Anderaos, gestor da Solo Asset, o metal correu por fora das incertezas com o cenário externo e também interno e foi a aplicação mais beneficiada. “O cenário externo pode suavizar um pouco, mas existe a expectativa de que o mercado interno possa ficar complicado. O metal tende a continuar subindo”, estimou. Renda Fixa O mês não foi de destaque para as aplicações em renda fixa. O CDB ficou estável a 0,59%, o CDI caiu de 0,58% em outubro para 0,52% em novembro e a poupança passou de 0,4273% para 0,4134%. Cornélio, da FCL, lembrou que a taxa básica de juros (Selic) em baixa faz com que as aplicações praticamente não registrem rentabilidade mais expressiva. No entanto, o diretor da consultoria considera que, se os problemas na zona do euro continuarem indefinidos, a probabilidade do País voltar a Selic é muito grande. “Será uma forma de atrair investimentos e justificá-los, já que é provável um aumento da aversão a risco”, diz.

Fonte: JC




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