Lucro da Gerdau recua 60%


Despesa financeira pesou no balanço do 1º trimestre. Para presidente da companhia, excesso de capacidade de produção instalada é o principal desafio para o setor
O aumento das despesas financeiras influenciaram a queda do lucro líquido da Gerdau no primeiro trimestre. O valor ficou em R$ 160 milhões, 60% menor do que o registrado em igual período de 2012. De acordo com o diretor-presidente da companhia, André Gerdau Johannpeter, o principal desafio para o setor é o excesso de capacidade de produção instalada. "O desequilíbrio entre a oferta e a demanda acaba pressionando as margens do setor como um todo e tende a aumentar a volatilidade dos custos de matérias-primas". Apesar da crise vivida pelo setor siderúrgico, Johannpeter acredita que os mercados já apontam melhoria gradual na demanda. Para o executivo, com esforço de gestão da companhia, o desempenho nos próximos trimestres será mais favorável. "Vamos continuar trabalhando fortemente para aumento da eficiência operacional do nosso negócio, com a otimização do uso de capital de giro frente aos níveis de demanda e considerando a volatilidade dos mercados". Influenciado principalmente pelo aumento dos custos operacionais, sobretudo nas vendas, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, armotização e depreciação) teve queda de 20% na comparação com o período de janeiro a março de 2012, ficando em R$ 805 milhões. A margem Ebitda do primeiro trimestre de 2013 caiu 2 pontos percentuais na comparação com igual período do ano passado e fechou em 9%. Apesar da queda de 4% no volume de vendas, a receita líquida ficou no mesmo patamar do primeiro trimestre de 2012 e somou R$ 9,166 bilhões. Em termos globais, as vendas físicas consolidadas da Gerdau somaram 4,6 milhões de toneladas, uma redução de 4% frente aos três primeiros meses de 2012. A produção consolidada de aço foi de 4,4 milhões de toneladas, volume 11% menor em igual comparação. O desempenho da companhia foi impactado pela menor demanda na Europa e na América do Norte, assim como pela crescente importação de aço na América Latina e nos Estados Unidos. A Operação de Negócios (ON) Brasil – que inclui negócios no Brasil (exceto aços especiais) e a produção de carvão metalúrgico e de coque na Colômbia – teve crescimento de 2% no volume total de vendas, puxado pelo mercado interno. Já na ON América do Norte, a qual inclui todas as operações na América do Norte, exceto as do México e as de aços especiais, a redução das vendas foi de 13%, reflexo, segundo a companhia, do inverno mais rigoroso em relação a igual período de 2012. Na ON Aços Especiais, as menores vendas ocorreram, principalmente, nas unidades na Espanha e nos Estados Unidos. Na comparação com igual período de 2012, o trimestre dessa operação teve queda de 4% nas vendas, assim como a da América Latina – inclui todas as operações na América Latina, exceto as do Brasil e as de carvão e coque na Colômbia. Na ON América Latina, a redução tem ligação principalmente com o maior grau de importações na Colômbia e no Chile. O resultado financeiro negativo da companhia passou de R$ 97 milhões, registrados nos três primeiros meses de 2012, para R$ 192 milhões no primeiro trimestre deste ano. De acordo com a empresa, o aumento é decorrente, principalmente, da menor receita financeira e maior despesa financeira, decorrente do aumento da dívida. A Gerdau terminou o primeiro trimestre com dívida líquida de R$ 13,1 bilhões ante R$ 10,1 bilhões um ano antes, crescimento puxado pela compra de ações da usina Sidenor, na Espanha, e a maior necessidade de capital de giro, informou a companhia. Com isso, o nível de endividamento da Gerdau passou de 2,2 vezes a geração de caixa (em dezembro de 2012) para 3,3 vezes (final de março de 2013). "Já era previsto esse aumento. Não temos uma meta para o ano, mas o objetivo é que esse número diminua", pontuou o vice-presidente de Finanças, André Pires. Em abril, a Gerdau realizou a emissão de títulos de dívida (bond) de dez anos no valor de US$ 750 milhões, com o objetivo de alongar o prazo médio de seu endividamento. Com juros de 4,75% ao ano, o financiamento teve o menor custo da história da companhia em captações internacionais. A distribuição geográfica da oferta foi de 49% para os Estados Unidos, 35% para a Europa, 15% para América Latina e 1% para Ásia. Johannpeter disse que a empresa manterá uma postura mais cautelosa no desembolso dos investimentos. Para o período de 2013-12017, estão programados R$ 8,5 bilhões de aplicação nas plantas industriais da companhia, considerando as atividades de aço e mineração. No primeiro trimestre, os investimentos em ativo imobilizado (Capex) chegaram a R$ 571 milhões, incluindo o aumento da capacidade de produção de minério de ferro e a instalação do laminador de bobinas a quente na usina Ouro Branco (MG).

Fonte: JC

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