Agência de risco reafirma nota do Brasil em 'BBB'.

Agência avalia que os recentes ajustes na política são fatores para "promover o investimento privado em infraestrutura e no setor de petróleo"
A agência de classificação de risco Fitch reafirmou nesta quinta-feira o rating soberano do Brasil em "BBB", com perspectiva estável, afirmando que há sinais de correções no rumo do país. Depois do que chamou de "erros pelas autoridades no últimos meses" e um ambiente econômico difícil, a Fitch avalia que os recentes ajustes na política, incluindo a aceleração do ciclo de alta de juros, a maior flexibilidade do câmbio e uma ênfase renovada na disciplina fiscal, são fatores para "promover o investimento privado em infraestrutura e no setor de petróleo". "A Fitch acredita que há sinais de correções da política que, se sustentados, poderão ajudar a restaurar a confiança e a aumentar a consistência das políticas econômicas. Além disso, a deterioração fiscal observada no Brasil e as métricas de crédito externo estão dentro do nível de tolerância de seu rating atual", disse a agência. A decisão da Fitch contrasta com a tomada pela Standard & Poor's no começo de junho, quando colocou a nota brasileira em perspectiva negativa pelo fraco crescimento e política fiscal expansionista, indicando que pode rebaixar a nota do país no período de dois anos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse à Reuters que ficou satisfeito com a decisão da Fitch de manter a nota brasileira. "Me parece ser uma decisão justa. A composição da dívida brasileira melhorou. Além de ter caído frente ao PIB, ela foi alongada", disse o ministro. Para a Fitch, o câmbio flutuante, as reservas internacionais e os instrumentos para lidar com a volatilidade do real mitigam riscos advindos de um cenário internacional menos favorável. A Fitch estima que a inflação no Brasil ficará próxima de 6 por cento neste ano e projeta crescimento da economia de 2,5 por cento em 2013 e de 3,2 por cento em 2014. A agência alertou que a projeção de déficit fiscal do Brasil acima de 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no período 2013-15 deve ser maior do que a mediana de pares globais, e que a dívida pública bruta acima de 55 por cento do PIB é maior do que a mediana de países com rating "BBB".
Reação positiva
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, a posição da Fitch reduz o temor de uma dupla queda na nota do País no próximo ano. “Algumas pessoas na Sobeet chegaram a temer pela possibilidade de o Brasil sofrer dois rebaixamentos no ano que vem”, disse. Agora, a decisão da Fitch, de acordo com Lima, acaba minimizando a possibilidade de a Moody’s, outra agência internacional de avaliação de riscos, de também colocar em observação a perspectiva do Brasil. O economista sênior do Espírito Santo Investment Bank (Besi Brasil), Flávio Serrano, avaliou como positiva a decisão da Fitch, porque acontece em um momento em que se percebe uma piora dos fundamentos da economia brasileira, com baixo crescimento, política fiscal expansionista e inflação em alta, o que poderia tornar a perspectiva do Brasil negativa.

Fonte: Revista Exame/JC

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