O presidente do conselho de administração da Gerdau
tem a experiência do setor privado, o conhecimento do setor público e as ideias
certas para tirar o Brasil do atoleiro.
Os
jornais têm especulado abertamente nas últimas três semanas sobre uma mudança
na equipe econômica para mudar o humor dos empresários e salvar o que resta do
primeiro – e talvez único – mandato da presidente Dilma. Razões não faltam para
a substituição do ministro Guido Mantega (Fazenda), responsável final por
diversas experiências mal sucedidas na condução da política econômica. Sendo
breve, poderiam ser colocadas na conta de Mantega a elevação da inflação para
acima do teto da meta, a desorganização das contas públicas, os truques
contábeis para que o superávit primário não ficasse tão distante da meta, o
maior intervencionismo do governo na economia, a falta de confiança dos
empresários na equipe econômica, a queda dos investimentos privados, o possível
rebaixamento do “rating” brasileiro, uma parte da valorização do dólar, a
provável reversão na tendência dos indicadores de emprego e o crescimento
anêmico do PIB. Entre os possíveis substitutos para Mantega, muitos nomes já
foram aventados. Henrique Meirelles foi o primeiro deles – mas, nesse caso, Meirelles
voltaria a presidir o BC e Alexandre Tombini seria deslocado para o comando do
Ministério da Fazenda. Meirelles tem uma excelente reputação junto a banqueiros
e empresários, mas não se relaciona muito bem com Dilma – e por isso
dificilmente voltaria ao governo. Outro nome que de vez em quando aparece nas
listas de substitutos de Mantega é o de Aloizio Mercadante. O ministro da
Educação é um dos poucos que tem o respeito de Dilma, segundo jornalistas que
cobrem o Palácio do Planalto. No entanto, por muitas vezes possuir ideias pouco
ortodoxas sobre a economia, dificilmente sua nomeação seria suficiente para
reverter o mau humor dos empresários de imediato. Em reportagem publicada pelo
jornal O Globo neste final de semana, outros dois nomes que foram aventados
para comandar o Ministério da Fazenda ou a Secretaria do Tesouro Nacional foram
os de Otaviano Canuto (ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério
da Fazenda e consultor do Banco Mundial) e Joaquim Levy (ex-secretário do
Tesouro e diretor-superintendente da Bradesco Asset Management). Nada contra os
dois nomes acima. Tanto Canuto quanto Levy são técnicos experientes que
conhecem muito bem os problemas da economia e poderiam fazer um trabalho melhor
que o que vem sendo desenvolvido por Mantega e Arno Augustin. Mas não sei se
algum dos dois poderia virar rapidamente o jogo das expectativas – já que
talvez o mercado não compre a ideia de que eles sejam fortes o suficiente para
bater de frente com Dilma se necessário. Quem então deveria assumir o comando
da Fazenda? Em minha humilde opinião, o ministro da Fazenda ideal para salvar o
que resta deste mandato seria Jorge Gerdau. O empresário tem mais de 40 anos de
experiência em posições de liderança no setor privado. Durante sua gestão, a empresa
que leva seu sobrenome se transformou em um gigante do setor siderúrgico, com
operações em diversos países e presença forte nos Estados Unidos. Desde 2006,
Jorge Gerdau está afastado do dia a dia da siderúrgica, apesar de ainda
presidir seu conselho de administração. O empresário não esconde seu gosto pela
coisa pública. É um dos principais conselheiros de Dilma no meio empresarial –
e talvez um dos poucos que possa colocar um freio na falta de pragmatismo da
presidente. Gerdau ainda coordena a Câmara de Gestão e Planejamento do governo
federal e preside o conselho do Movimento Brasil Competitivo, entre outras
organizações do terceiro setor a qual está ligado. Em suas entrevistas, Jorge
Gerdau sempre defendeu um serviço público mais enxuto e meritocrático,
inspirado em experiências vencedoras do setor privado. Em entrevista à Folha de
S.Paulo e ao UOL concedida em março, disse que haver 20.000 cargos de confiança
no governo federal é “absolutamente excessivo” e que a “burrice” de criar mais
ministérios já está no limite – ainda que ele também tenha admitido entender
que a presidente precise de alguns desses cargos para construir sua base de
alianças políticas. Ou seja, três meses antes que centenas de milhares de
brasileiros fossem às ruas protestar contra a corrupção e o desperdício de
dinheiro dos contribuintes, Gerdau já se posicionava genuinamente ao lado da
população pela melhoria do serviço público. No comando da Fazenda, Gerdau teria
poder para colocar em prática o que ele sempre pregou, mas que nenhum
antecessor quis fazer: cortar gastos desnecessários, enxugar a máquina pública,
reduzir ministérios, limar mordomias, instaurar a meritocracia no funcionalismo
e modernizar o Brasil. Um verdadeiro choque de gestão, portanto. Sua simples
indicação poderia mudar o humor dos empresários e destravar os investimentos.
Promessas como a de aumento gradual do superávit primário ou de crescimento
substancial do PIB voltariam a ser ouvidas. Com a reversão das expectativas, o
ajuste necessário para colocar as contas públicas em ordem e para trazer a
inflação de volta à meta poderia ser suavizado, evitando o risco de que a
economia continue se deteriorando e possa entrar em recessão em um futuro não
tão distante. Ganhariam empresários, investidores e trabalhadores – ou seja, os
brasileiros. Só não daria certo se Dilma não fosse capaz de se desapegar de
seus interesses políticos de curto prazo para plantar as sementes de um Brasil
melhor.
E
você, quem gostaria de ver no lugar de Mantega?
Fonte:
InfoMoney
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