Após gastar R$ 8 bi em estádios, Brasil pode ter que demoli-los como Portugal.

Portugal optou por construir sedes luxuosas em cidades sem futebol, cujas autoridades diziam que "se pagariam por meio de outros eventos", mesmo discurso de Aldo Rebelo.

O ano é 2004 e a economia portuguesa vai vivendo um "boom" sem precedentes. Se endividar ficou fácil com o Euro e o país vai sediar a Eurocopa, o principal torneio de seleções de futebol na Europa. Algumas vezes chamado de "Copa do Mundo sem Brasil e Argentina", o europeu viaja em peso para assistir o torneio. Prevendo melhoras sistêmicas de turismo e no campeonato português de futebol, o país resolve sediar o torneio, com dezesseis seleções, em dez estádios, distribuídos por oito cidades-sedes no país. Bom para a economia, certo? Errado. Algumas da cidade-sede não contavam com times relevantes nas três principais divisões. Alguma semelhança com o Brasil? Como Portugal, também passávamos por um sentimento de "boom" quando tomamos a decisão de hospedar o torneio, o que nos fez optar por 12 sedes - ao contrário das 8 recomendadas pela Fifa. Nove anos após o torneio, Portugal vive a sua pior crise econômica, por endividamento excessivo, e os estádios se tornaram um estorvo. Pior ainda é o destino que os estádios em Portugal devem ter: demolição dos que hoje são elefantes brancos. Enquanto eles gastaram € 1,1 bilhão para construir seis estádios públicos - já que quatro eram propriedade dos grandes clubes do país -, o gasto no Brasil já estourou R$ 8 bilhões - longe dos R$ 2,8 bilhões projetados em 2007. E a gastança pode continuar, já que alguns estádios ainda não estão prontos. Portugal optou por construir sedes luxuosas em cidades sem futebol, cujas autoridades diziam que "se pagariam por meio de outros eventos" - o que não ocorreu, drenando os cofres públicos do governo. Esse é mesmo discurso possui Aldo Rebelo, ministro do Esporte, ao falar de estádios que são tidos como possíveis como possíveis elefantes-brancos, como Arena Pantanal e Arena Amazônia. Uma das sedes escolhida por Portugal para a Eurocopa foi Leiria, cidade de 70 mil habitantes, que recebeu um estádio para 30 mil pessoas. A cidade, porém, conta apenas o União Desportiva de Leiria, que caiu recentemente para a terceira divisão - e teve uma média de público de 862 durante a temporada terminada em 2012.  Esse pode ser o mesmo destino de estádios como Arena Amazônia, onde o campeonato amazonense atrai menos gente por edição do que a capacidade total do estádio, e a Arena Pantanal, onde o clube com maior tradição, o Mixto, está na 75ª posição no ranking da CBF. Decisões mais racionais no norte e centroeste seriam o Pará, onde Paysandu e Remo são bastante populares, e Goiás, que conta com o Goiás na 1ª divisão, além de já ter um estádio famoso - o Serra Dourada. Algumas medidas foram tomadas para evitar a "elefantização" dos estádios. O Flamengo, por exemplo, clube de maior torcida no Distrito Federal, vem jogando algumas partidas no Mané Garrincha - mas também para protestar contra os "custos abusivos" da operadora do estádio. Custos esses que levaram o Atlético Mineiro a desistir de mandar seus jogos no Mineirão, que fora sua casa desde 1965. Para fugir da operadora, o atual campeão da Libertadores optou por mandar seus jogos no pequeno estádio Independência, deixando o Mineirão apenas nas mãos do Cruzeiro, o outro grande time de Minas Gerais.

























Fonte: Infomoney

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