Causa do pessimismo é o governo, não os números.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, conhece bem a influência dos fatores subjetivos nos assuntos de sua pasta. Ontem, ele comentou que a percepção dos agentes econômicos está mais pessimista do que a realidade apresentada pelos números. E que a consolidação do crescimento "depende do fortalecimento da confiança de famílias e empresários". Mas, caro economista, os supostos e instáveis números são capazes de despertar mais confiança do que pessoas que nos governam, do que a operação política que realizam? Se os "números da realidade" parecem um pouco discutíveis, a gestão do atual governo mostra ampla e notória evidência que justifica tanto o pessimismo quanto a desconfiança. Parece existir quase consenso entre – pelo menos – empresários e a maioria dos formadores de opinião de que, para esse governo ser diferente, e resgatar a confiança, ele teria que sofrer uma mutação da espécie – ou de partido. Ou seja, o governo, que criminaliza o lucro, cultivando a arrogância desmedida de disputar o poder com as forças do mercado, e que pretende domesticar a livre iniciativa "em benefício do povo", não tem mais jeito: qualquer agrado agora para atrair investimento é interpretado como cinismo do manjado garanhão que tenta conquistar a mocinha com bons modos – mas sabe-se do desfecho. O mercado é trouxa? A contrapartida do dito acima é o já apontado intervencionismo desastrado e a tentativa de ressuscitar um falido capitalismo de Estado, cujos espectros rondam o Brasil. A mentalidade do governo, de simplificar o impasse na surrada equação que opõe interesse social ao mercado, é um dos mais graves equívocos que procura inocentar suas distorções e justificar a obstinação mantida de forma inexpugnável. Olha, dona Dilma, de uma vez por todas, tente não se parecer tanto com sua caricatura humorística: não se trata de defensores do capitalismo e do mercado selvagem injuriando um governo supostamente voltado para o povo. Aliás, voltado para quem mesmo?  A inteligência do PT - ou de qualquer outro partido de semelhante viés onipotente e messiânico - é muito inferior à sagacidade coletiva do capitalismo – até mesmo na promoção dos interesses sociais e da melhor  distribuição de renda e expansão econômica do Brasil. Nunca antes na história deste País- afinal, este é o refrão...-  houve um período tão promissor quanto o que ocorreu com o choque das commodities provocado pelo espetacular crescimento chinês. Não houve nenhum milagre lulista. A distribuição de renda seguiria seu curso natural numa sociedade que caminhava para arranjos menos perversos, instrumentada por forças políticas em ação. O PT não detém o monopólio das vontades do povo nem o exclusivismo do progresso social. Ele – com seus cacoetes populistas e sua herança da velha esquerda - sequer é o melhor representante para operar esse desejo de uma sociedade mais justa, de verdade, alvo da cruel indiferença das elites políticas no passado, da qual ele, oportunisticamente, se beneficiou, apresentando-se como seu único antídoto. Na verdade, para quem comunga do ideário de uma sociedade mais justa e menos perversa, os petistas seriam muito mais um fogo amigo, atirando contra e estragando os que anseiam por autêntico crescimento inclusivo. De verdade, o mercado que confiasse no País faria esse trabalho de maneira bem mais eficiente e produtiva, se acompanhado – se e somente se - por um Governo que zelasse realmente pela inclusão a partir da instrumentação capitalista de investimentos de longo prazo, que garantisse a irrestrita confiança com regras estáveis no ambiente de negócios, que soubesse tratar a política macroeconômica de forma consistente, executando uma praxis monetária, fiscal e cambial sem acrobacias causadoras de vertigens e arrepios como se estivéssemos num carro desgovernado. E, igualmente, que olhasse para a Educação, a Saúde, a Segurança e os Transportes sem a demagogia eleitoreira dos que pensam muito mais em sua perpetuação no poder – sem a contrapartida de fazer um trabalho decente e competente que deixasse orgulhosos autênticos humanistas.



Fonte: InfoMoney

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