Receita diz não ter interesse em exigir 2 modelos contábeis.

A Receita detesta burocracia e não tem o menor interesse de exigir das empresas dois modelos contábeis em suas declarações, disse nesta quinta-feira o coordenador-geral e subsecretário substituto de Fiscalização da Receita Federal, Iágaro Jung Martins, durante sua participação mo seminário "O peso da burocracia tributária: A busca pela simplificação" realizado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O coordenador disse que as empresas fizeram uma leitura equivocada da Instrução Normativa (IN 1.397) do secretário da Receita Federal. O documento determina que a partir de janeiro de 2014 a Receita passe a exigir mais detalhes nas informações que as empresas transmitem ao Fisco. "Ela (a instrução normativa) não cria duas contabilidades como foi noticiado na imprensa. O que ela faz é, a partir de janeiro de 2014, aumentar o nível de detalhamento das informações transmitidas à Receita para a apuração do lucro que é base de incidência de Imposto de Renda", disse Martins. Não haverá também, de acordo com o coordenador, multa às empresas porque as exigências só passarão a vigorar no início do próximo ano. "Não haverá multa porque a obrigação só começará em janeiro de 2014. Não tem multa nenhuma em relação à exigência das informações mais detalhadas." Em relação ao lucro, o coordenador disse que se ele foi distribuído pelo critério societário, a empresa deverá corrigir a situação de forma espontânea para evitar a multa. "A multa será retroativa a 2009, um ano depois do regime de implantação do novo modelo. Nós não acreditamos, porém, que muitas empresas tenham adotado este critério", disse Martins. Até a edição da Instrução Normativa 1.397, as empresas faziam o ajuste do Imposto de Renda através de um outro modelo não tão adequado, que é o modelo de normas contábeis internacionais(IFRS). "Foi o modelo possível naquele momento", relativizou o coordenador.
Efeitos diferentes
O modelo internacional que foi adotado de forma integral no Brasil, segundo Martins, não foi adotado por empresas dos Estados Unidos e nem em alguns países da Europa, como na Alemanha, por exemplo. "É usado apenas para efeito de publicação do grupo econômico. No Brasil, como se adotou isso, ele produz vários efeitos diferentes", disse. Perguntado se o modelo internacional provoca efeitos tributários, Martins disse que sim. Por isso, explicou, quando o Brasil adotou a alteração das S/As, a Receita criou a Ficha de Controles Contábeis e Transições (Fcont) para que as empresas fizessem os ajustes anuis de Imposto de Renda. O que está sendo feito de novo agora no âmbito da IN 1.397, de acordo com Martins, é a eliminação da Fcont. Ou seja, as empresas terão que fazer o ajuste mais detalhado na Escrituração Contábil Fiscal. "Isso já estava sendo negociado. As empresas já sabiam que nós iríamos partir para um controle mais detalhado porque a Fcont era um modelo que não dava transparência para as informações da empresa e não permitia à Receita identificar se o ajuste estava sendo feito de forma correta", disse.
Critérios
Em relação à interpretação, Martins disse que o que acontece é que a Receita só tomou conhecimento que as empresas estavam distribuindo lucros com base em critérios societários recentemente. "Se a empresa tributa seu lucro com base nos critérios fiscais é com base nestes critérios fiscais que elas têm que distribuir o lucro. "Elas não podem usar o melhor dos mundos, usar um critério fiscal para pagar tributos e um critério societário para distribuir porque é mais vantajoso". "A Receita não sabia que as empresas estavam fazendo isso. Quando identificamos isso nas primeiras fiscalizações, deixamos transparente na IN 1.397, dizendo que isso não poderia mais ser feito", afirmou Martins. De acordo com ele, a Instrução Normativa foi feita com o objetivo de dar publicidade ao entendimento da Receita e não houve mudança de interpretação. "Os burburinhos ocorreram porque, na verdade, as pessoas estão lendo a instrução normativa de forma equivocada. Que pode haver algum ajuste ou outro pode, mas a Receita não tem interesse de exigir duas contabilidades", reiterou.



Fonte: JC

Nenhum comentário:

Postar um comentário