Previsões para 2014.

A pesquisa semanal Focus do Banco Central (BC) feita na terça-feira, 31,com cerca de 100 mais importantes analistas do mercado e divulgada nesta segunda-feira, mostrando que a mediana das estimativas de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do País, em 2014, foi revisada de 2% para 1,95%, não deixa de refletir, como se há reconhecer, expectativas que não condizem, evidentemente, com a estimativa oficial de 4%, constante da proposta enviada pelo Executivo ao Congresso Nacional, na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Acresce que, segundo a mesma pesquisa, a estimativa para 2013 caiu de 2,3% para 2,28%, refletindo igualmente aí uma visão pessimista que a percepção do mercado parece, sem dúvida, ensejar. Observe-se, ademais, que os analistas consultados pelo BC também esperam uma piora em outro indicador sensível para o País, constatando-se, a esse respeito, que a mediana das previsões para o superávit primário do setor público consolidado para 2014 foi revista de 1,45% do PIB para 1,4%, enquanto, para 2013, passou de 1,75% para 1,78% do PIB. A mudança nas projeções se deu, aliás, na mesma semana em que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que o primário de 2013 foi “algo como R$ 75 bilhões”, número que ainda será ajustado e divulgado no fim do mês. Até novembro, como se sabe, o superávit em 2013 estava em R$ 60,5 bilhões para o governo central, totalizado R$ 80,9 bilhões quando se somam os resultados de governos de estados, prefeituras e estatais, o equivalente a 1,85% do PIB. O anúncio do titular da Fazenda, por sinal, teve como objetivo justamente sinalizar o comprometimento do governo com a meta fiscal, depois de um ano de críticas e desconfiança em relação à política de gestão das contas públicas. Admite-se, contudo, que a reação do mercado não foi, obviamente, favorável, principalmente por não serem apresentados na oportunidade os números esperados para 2014, realimentando, pois, incertezas que remanescem quando ao desempenho da política fiscal em ano eleitoral. Os analistas também elevaram a projeção da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2013, de 5,73% para 5,74%, um dado fechado do ano que só será conhecido na próxima sexta-feira. Para 2014, a projeção passou de 5,98% para 5,97%. Por outro lado, a percepção a esta altura existente é que os preços controlados pela administração federal, os quais ajudaram a segurar a inflação em 2013, tendem a ter acentuada aceleração em 2014. A projeção, aliás, é que o conjunto dos preços administrados, o que inclui gasolina e conta de luz, por exemplo, tenham subido 1,4% em 2013 e venham a registrar alta de 4% no ano corrente. Verifica-se, de resto, que entre 2011e 2013 o mercado financeiro errou sempre “para cima” as projeções para o desempenho da economia e isso ocorreu desde o início do atual governo, delineando-se agora certa mudança de postura, consistente em apostar, já no início do ano, em um desempenho inferior da economia, contando, obviamente, com a possibilidade de corrigir, eventualmente, as projeções, caso as circunstâncias assim o justifiquem.



Fonte: JC

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