O
contingenciamento de despesas do Orçamento de 2014 pelo governo, que deve
ocorrer no início de fevereiro, está sendo aguardado com especial atenção por
economistas de mercado e sobretudo pelas agências internacionais de rating. Este
será o primeiro sinal importante do ano que o Poder Executivo deverá emitir
sobre sua disposição de gerar ou não um superávit primário próximo a 2% do PIB,
patamar que poderia evitar o rebaixamento da nota soberana do País. Especialistas
avaliam que este corte deveria ficar entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões, o que
já é visto com grande ceticismo por muitos deles, devido basicamente ao período
eleitoral. Isto porque a regra mundial nestas ocasiões é que os políticos
ampliem despesas a fim de maximizar suas chances de vitória nas urnas. Contudo,
os analistas ponderam que caso o Palácio do Planalto adote uma postura de ajuste
fiscal mais crível do que o esperado por eles, isto poderia reduzir as
expectativas negativas em relação ao Brasil e ajudaria a manter o rating do
País. "Esta manifestação de austeridade das contas públicas pelo governo
geraria um choque positivo, que ao invés de fazer com que o PIB suba apenas 2%
neste ano, como é aguardado pelo consenso dos analistas, poderia elevar a
confiança dos empresários, aumentar os investimentos e fazer com que o
crescimento do País fique mais próximo de 3% em 2014", comentou Braulio
Borges, economista-chefe da consultoria LCA. Marcos Fantinatti, economista da
consultoria MCM, acredita que o contingenciamento de despesas do Orçamento que
o governo deverá anunciar em algumas semanas deverá ficar perto de R$ 15
bilhões. Já Felipe Ihara, economista do banco Brasil Plural, estima que o
montante será ainda menor, de R$ 10 bilhões, bem inferior aos R$ 38 bilhões que
o Poder Executivo conseguiu obter em 2013. Segundo Ilhara, além das eleições, um
outro elemento que deve levar o governo federal a fazer contenção bem menor de gastos
são questões políticas regionais, já que o Palácio do Planalto não gostaria de
gerar tensões com deputados e senadores em diversos estados, o que poderia
trazer impactos negativos junto à seus eleitores. Felipe Salto, economista da consultoria
Tendências, diz que para estabilizar a dívida bruta como proporção do PIB, o
que preocupa as agências de rating, o governo precisaria gerar superávit próximo
de 2,5% do PIB. "Para que isso ocorra, seria necessário contingenciamento de
R$ 62 bilhões das despesas do Orçamento deste ano. Esse número, porém. é
inviável. Na melhor das hipóteses, ficaria em R$ 30 bilhões, e mesmo assim seria
obtido com muitas dificuldades. Inclusive porque o cenário para a arrecadação federal
também não deve ser muito positivo neste ano, dado que poderá avançar 3,2% em 2014,
no cenário otimista previsto pelo governo", destacou.
Vontade política
Embora
sejam justificadas muitas dúvidas dos especialistas sobre a vontade política do
governo para gerar contingenciamento razoável de despesas do Orçamento,
economistas dizem que tecnicamente é possível fazê-lo. De acordo com Braulio
Borges, um conjunto de ações vigorosas para reduzir os dispêndios federais
permitiria conter cerca de R$ 40 bilhões de emendas de parlamentares. Segundo
ele, neste ano devem ocorrer reduções relevantes de despesas, pois o aumento
real do salário mínimo ficará em 1%. Além disso, Braulio Borges pondera que
ocorrerá redução de gastos para estimular a demanda agregada, como a diminuição
de desonerações tributárias e nenhum repasse do Tesouro para o BNDES.
Fonte: JC
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