S&P rebaixa o rating do Brasil.


A Standard & Poor’s (S&P) rebaixou uma série de notas de crédito do Brasil. O rating da dívida de longo prazo em moeda estrangeira caiu de BBB para BBB-, e o da dívida de longo prazo em moeda local baixou de A para BBB+. Além disso, o rating de crédito de curto prazo em moeda estrangeira foi rebaixado de A2 para A3, enquanto o da dívida de curto prazo em moeda local foi mantido inalterado em A2. A agência também informou que rebaixou o rating de transferências e conversibilidade de A para BB+. A perspectiva dos ratings de longo prazo também foi alterada para de "negativa" para "estável", e o rating de crédito do País em escala nacional foi mantido inalterado em brAAA, com perspectiva "estável". O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não quis comentar no início da noite de ontem a decisão da S&P. Segundo a agência, "o rebaixamento reflete a combinação de derrapagem fiscal, a perspectiva de que a execução fiscal permanecerá fraca, em meio a um crescimento moderado nos próximos anos, uma capacidade limitada para ajustar a política antes da eleição presidencial de outubro e um certo enfraquecimento das contas externas do Brasil. A perspectiva de crescimento lento reflete tanto fatores cíclicos como estruturais, incluindo o investimento como parcela do PIB de apenas 18% em 2013 e uma desaceleração do crescimento da força de trabalho. Combinados, esses fatores destacam o espaço diminuído do governo para manobrar em face de choques externos". O relatório também diz que "a deterioração fiscal do Brasil ao longo de vários anos inclui déficits bastante mais altos, como resultado de um superávit fiscal menor e de atividades extra orçamentárias correntes. A credibilidade da conduta da política fiscal enfraqueceu sistematicamente, à medida que o governo isentou vários itens de receita e de gastos da meta fiscal, além de rebaixar a própria meta ao longo do tempo”. Segundo a S&P, “o uso persistente de bancos estatais, financiados por recursos “por baixo do pano” do Tesouro, também minou a credibilidade e a transparência da política. A execução fiscal, tal como a de 2013, tornou-se mais dependente da entrada de receitas não correntes, e de ajustes no momento da liberação de recursos para cumprir metas fiscais oficiais". "As sinalizações de políticas para conter a derrapagem fiscal neste ano, antes da eleição presidencial de outubro, são mistos. Assim também são as perspectivas para ajustes depois da eleição, em nossa opinião. Apesar do esforço recente de reprogramação orçamentária, que cortou alguns gastos do Orçamento para 2014 aprovado pelo Congresso, será difícil alcançar a meta formal de superávit primário de 1,9% do PIB sem recorrer a ajustes tópicos, em nossa opinião, tendo em vista o crescimento fraco e a continuidade de algumas isenções de impostos.” A agência prossegue dizendo que "a implementação das medidas recentemente anunciadas para gerir perdas no setor elétrico (tendo em vista a falta de chuvas e a dependência da energia térmica de alto custo), com uma elevação limitada das tarifas da eletricidade em ano eleitoral, pode ser um desafio. Enquanto essas medidas estão em linha com o histórico recente de atividade quase fiscal, o governo parece estar reduzindo o ritmo da concessão de crédito pelos bancos estatais, e com isso o financiamento ’por baixo do pano’ para eles por parte do Tesouro”. A diretora responsável pelo Brasil na S&P, Lisa Schineller, disse que uma combinação de fatores, que inclui a piora das contas fiscais e das contas externas, fez agência rebaixar o rating soberano do País. A deterioração nos indicadores do Brasil vem ocorrendo nos últimos anos e minou a credibilidade do governo na condução da política fiscal, destacou Lisa em teleconferência. "A credibilidade do governo para a condução da política fiscal se deteriorou", disse ela. "Políticas econômicas mais consistentes, no lado fiscal, dando maior clareza nas contas, na trajetória da dívida", destacou Lisa, seriam fatores que ajudariam na melhora do rating, que ficou com perspectiva "estável". Em ano eleitoral, segundo a diretora da S&P, a capacidade do governo brasileiro de fazer ajustes em sua política fica ainda mais complicada. Lisa disse que será difícil o Brasil conseguir alcançar a meta de superávit primário de 1,9% este ano. O Brasil vai continuar com crescimento baixo nos próximos anos, se expandindo menos que seu potencial. Para 2014, a S&P prevê expansão de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Em meio a esta projeção, as perspectivas para as contas fiscais também continuam fracas, disse Lisa. Ela lembrou que a S&P colocou a nota brasileira em perspectiva negativa em junho do ano passado e pouco mudou no País desde então.




Fonte: JC

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