Economistas-chefes
de grandes bancos reclamam dos gastos públicos, que dizem ser patrocinados pelo
Ministério da Fazenda, e pedem ao Banco Central que atue com mais rigor.
O mercado financeiro sinalizou ontem ter chegado
ao limite da tolerância com a política fiscal do governo Dilma Rousseff.
Convidados pelo Banco Central para uma reunião a portas fechadas ontem, em São
Paulo, alguns dos economistas-chefes de grandes bancos relataram que no eixo
das reclamações feitas estão os gastos públicos, que dizem ser patrocinados pelo
Ministério da Fazenda, que assim está dando combustível à inflação. Para a
maioria desses analistas, parte do surto inflacionário se deve aos gastos para
manter a máquina pública. Segundo esses especialistas, se a política fiscal não
ajuda, o BC teria de agir ainda com mais vigor para garantir que a inflação não
saia de controle. “Hoje, o que o BC faz (para o controle dos preços) de dia, ao
subir os juros, a Fazenda desmancha à noite, ao elevar gastos públicos”, sintetizou
um economista chefe de um grande banco de investimentos, sob a condição de
anonimato. Faz quatro anos consecutivos que o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) avança sempre acima do centro da meta de inflação de
4,5% ao ano. Ontem, a pesquisa Focus do BC mostrou que o mercado parece não acreditar
numa melhora da inflação. A previsão é que o IPCA avance 6,47% até dezembro, encostando,
assim, no topo da meta perseguida pelo governo, de 6,5% ao ano.
Baixo
crescimento
Outra preocupação dos analistas é com o
baixo crescimento econômico. O consenso do mercado é que o desempenho frustrante
do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, com alta de apenas 0,2%,
detonará uma série de maus resultados ao longo do no. Não à toa, a pesquisa Focus
mostrou ontem queda nas projeções de crescimento do PIB, de alta de 1,5% para elevação
de 1,44%. Foi a pior projeção já feita em todo do ano, mas o cenário pode ser
ainda mais pessimista. “O Focus corre sempre atrasado (nas projeções), então é bem
possível imaginar que o resultado final do PIB será bem menor do que o que o
mercado está prevendo agora”, disse o economista-chefe da Tullett Prebon,
Fernando Montero. Nesse cenário, há uma possibilidade que não pode ser descartada:
a de que a economia possa até mesmo encolher no segundo trimestre, tanto na
comparação com os três primeiros meses do ano, quanto no confronto com o segundo
trimestre de 2013. “A outra vez que isso ocorreu foi em 2009, no bojo da crise
mundial, e, antes disso, em 2001, quando o Brasil sofreu com o racionamento de
energia que interrompeu a produção nas fábricas e deixou o País às escuras”, lembrou.
Fonte:
JC
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