Com mudanças, Banco
Central quer melhorar a liquidez da economia; impacto total estimado é de R$ 45
bilhões.
Apesar de as estimativas para a inflação
estarem aumentando, o Banco Central resolveu adotar medidas para estimular o
crédito visto que a atividade econômica dá sinais de fraqueza. O BC anunciou
nesta sexta-feira, 25, uma série de mudanças nas regras do recolhimento
compulsório sobre recursos a prazo e à vista para dar mais liquidez à economia.
Com isso, a projeção é que o mercado de crédito receba R$ 30 bilhões. Ao longo
do tempo, o impacto pode aumentar para R$ 45 bilhões. Nesta semana, o boletim
Focus reduziu a estimativa de crescimento em 2014 para menos de 1% pela
primeira vez no ano. O Banco Central também divulgou uma posição oficial
afirmando que as medidas publicadas hoje "em nada alteram as projeções de
inflação do BC". De acordo com o comunicado, a ata do Comitê de Política
Monetária (Copom) divulgada ontem descreve o cenário de inflação projetado pela
instituição. A taxa do compulsório é o porcentual do dinheiro depositado nos
bancos (públicos e privados) que ficam retidos pelo Banco Central. Se o
compulsório diminui ou é flexibilizado, os bancos ficam com mais dinheiro para
emprestar. Segundo o BC, os depósitos compulsórios serão flexibilizados
em função da evolução dos recolhimentos compulsórios nos últimos anos, de R$
194 bilhões ao final de 2009 para cerca de R$ 405 bilhões atualmente. Para se
ter ideia de quanto eles cresceram rapidamente, o BC lembra que apenas nos
últimos 12 meses eles aumentaram R$ 50 bilhões. O chefe do Departamento de
Normas do Banco Central, Sergio Odilon dos Anjos, afirmou que os bancos terão
até R$ 45 bilhões a mais de caixa disponível para novos empréstimos com as
medidas publicadas. Além dos R$ 30 bilhões de liberação de compulsórios, o BC
projeta que o impacto potencial das medidas, ao longo do tempo, pode chegar a
R$ 15 bilhões. "Não pensamos da medida de hoje para amanhã. Temos que
aguardar o comportamento da demanda para saber em quanto tempo esses R$ 15
bilhões se transformariam em crédito", explicou. O economista se recusou a responder sobre o impacto
monetário da medida, que será tratado posteriormente pelo BC. "Os R$ 15
bilhões não entram imediatamente na praça, é um processo. Segundo ele, as
minutas publicadas hoje pela autoridade monetária não têm data para entrar em
vigor porque ainda serão discutidas, mas disse que as demais medidas referentes
a Basileia entram em vigor imediatamente. Odilon disse que a forma de alocação
de crédito está se alterando e que as novas regras de Basileia permitem que se
faça uma sintonia fina que abrange a maior parte das modalidades de crédito.
"A preocupação é permanente com a alocação de capital no sistema
financeiro", completou. O BC elencou entre os motivos para a mudança o
nível elevado de liquidez esterilizado no Banco Central, a recente moderação na
concessão do crédito, a inadimplência em patamares relativamente baixos e o
recuo do nível de risco no sistema financeiro nacional. "O Banco Central
do Brasil decidiu adotar medidas com vistas a melhorar a distribuição da
liquidez na economia", informou o comunicado da instituição. Para o
economista Sílvio Campos Neto, da consultoria Tendências, a decisão do BC
confirma um cenário de ações controversas, com a manutenção da taxa básica de
juros em níveis elevados para controlar a inflação e, por outro lado, as
medidas adotadas hoje de estímulo ao crédito diante do esfriamento do consumo,
ponderou o economista. "O quadro é muito adverso, com a economia
caminhando para uma estagnação, mas a inflação ainda não cedendo e o BC tenta
equilibrar as duas situações", disse. Medidas. O BC decidiu permitir que
até 50% do recolhimento compulsório relativo a depósito a prazo sejam cumpridos
com operações de crédito. Ampliou ainda o rol de instituições financeiras
elegíveis, de 58 para 134, à condição de vendedoras das operações aceitas para
fins de dedução do recolhimento. O BC ainda reduziu, de R$ 6 bilhões para R$ 3
bilhões, o valor do Patrimônio de Referência, Nível I, das instituições
elegíveis para utilizar financiamentos concedidos nos termos da Resolução nº
4.170, de 2012, para fins de redução da exigibilidade sobre recursos à vista.
Fonte:
Estadão
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