Eles avaliam que autoridade monetária está 'conformada' com
inflação acima de 6%, próxima ao teto da meta.
O Banco Central deverá manter a taxa básica
de juros (Selic) em 11% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que
termina nesta quarta-feira, embora este patamar não seja suficiente para trazer
a inflação para o centro da meta, que é de 4,5%. Esta é a avaliação de doze
instituições consultadas pelo GLOBO, entre bancos, corretoras e consultorias
econômicas. De acordo com os economistas e analistas ouvidos, o governo parece
estar 'conformado' com a inflação próxima do teto da meta (6,5%) e mostra mais
preocupação com o crescimento da economia. Pela sétima vez consutiva, o mercado
reduziu a expectativa de crescimento este ano de 1,07% para 1,05%, segundo o
boletim Focus. Uma nova alta de juro poderia travar ainda mais a expansão do
Produto Interno Bruto (PIB), dizem os especialistas. — O Banco Central assumiu
estar 'tranquilo' com a inflação no teto da meta. Com tantos riscos pela
frente, especialmente o choque de energia e a possibilidade de voltar a
depreciação do câmbio, não era hora para parar de subir. Avaliamos também que a
eleição presidencial este ano influencia esta parada. Depois, a taxa certamente
voltará a subir — analisa o economista Sergio Vale, da MB Associados. O governo
vem contando com a estabilidade do dólar em torno de R$ 2,22, o que reduz um
pouco a pressão sobre os preços de bens e matérias-primas importadas, avalia o
economista-chefe da SulAmérica, Newton Rosa. Também ainda espera os efeitos da
alta de 3,75 pontos percentuais da Selic, que vem subindo desde abril de 2013.
Mas, para ele, passada a eleição, o Banco Central deverá iniciar um novo ajuste
nos juros, com a Selic terminando 2015 em 12%. Ainda assim, diz Rosa, a Selic
no patamar de 12% deverá trazer a inflação para algo como 5% ou 5,5% e não para
o centro da meta. A consultoria Austin Rating aposta na manutenção da taxa em
11% ao ano até o fim deste ano. Alex Agostini, economista-chefe da Austin, no
entanto, critica a decisão e defende o aumento da taxa para que a inflação
recue. — O Brasil é um país emergente e precisa ter a inflação controlada com a
Selic, que é o método mais eficiente. Só as economias desenvolvidas mexem no
juro pensando em crescimento. Há um equívoco grave na condução da política
econômica atual do Brasil — afirmou. O economista-chefe da Guide Investimentos,
Guilherme da Nóbrega, afirma que a recuperação da economia americana pode atrair
dólares, pressionando a inflação por aqui. Além disso, uma eventual reeleição
da presidente Dilma Rousseff, também tende a elevar a expectativa do mercado
para a alta do câmbio, com impacto altista nos preços. Caso seja eleito um novo
governo, que sinalize corte de gastos e superávit primário de 3% do PIB, por
exemplo, dando um choque de credibilidade, a tendência é que os juros não
precisem subir tanto para trazer a inflação ao centro da meta, avalia Marcio
Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora. O economista-chefe da
Gradual Corretora, André Perfeito, afirma que mesmo com a fraco crescimento da
economia, o que também tira um pouco de pressão sobre a inflação, o atual
patamar de juros não é suficiente para que as expectativas de inflação caminhem
para o centro da meta. Embora aposte na manutenção da Selic em 11%, o
economista Jason Vieira, da consultoria Moneyou, observa que não se
surpreenderia com uma elevação dos juros em 0,25 ponto percentual. Isso,
segundo ele, evitaria uma alta dos juros no período mais 'quente' da campanha
eleitoral.
Fonte:
OGlobo
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