Outros R$ 45 bilhões foram liberados em julho para ampliar o
mercado de crédito.
Preocupado
com o ritmo da atividade econômica - nessa semana, o mercado reduziu a projeção
de crescimento no ano para 0,79% -, o Banco Central anunciou nesta
quarta-feira, 20, novas regras para depósitos compulsórios a prazo e também
mudança nas regras para os bancos. Juntas, as medidas representam uma injeção
de cerca de R$ 25 bilhões no mercado de crédito para empréstimos e
financiamentos. Segundo o Banco Central, a medida foi adotada “dando
continuidade às medidas de distribuição da liquidez na economia”. As medidas
são uma forma de incentivar a economia após o impacto da alta dos juros e queda
da confiança de empresários e consumidores. Outras medidas adotadas em julho
pelo Banco Central, com a Circular 3712, de 24/07/2014, tiveram impacto de R$
45 bilhões.
Com a nova mudança nos compulsórios, o BC
passou a permitir que até 60% do recolhimento relativo a depósitos a prazo
sejam cumpridos com operações de crédito. Isso significa que 60% dos valores
recolhidos poderão ser utilizados na contratação de novas operações de crédito
e na compra de carteiras diversificadas. A medida sozinha pode injetar R$ 10
bilhões na economia. O Banco Central também permitiu a dedução de compulsórios
a partir de operações com veículos e motocicletas. O BC ainda atendeu a um
pleito antigo de alguns bancos e passou a permitir, para efeito do cumprimento
da exigibilidade sobre os recursos a prazo, que possam ser consideradas as
Letras Financeiras “que tenham sido adquiridas de instituições elegíveis até o
montante relativo à posição de 25/07/2014”. Mudam as regras para os bancos. O
BC também aprovou alterações nos critérios de requerimento mínimo de capital para
risco de crédito, as "reservas para calote". “Os ajustes consideram a
fase atual do ciclo de crédito no Brasil e se inserem nos processos de revisão
das medidas macroprudenciais adotadas a partir de 2010 e de continuidade da
convergência da regulação brasileira aos parâmetros internacionais de
Basileia”, diz o banco. O BC também decidiu restabelecer em 75% o Fator de
Ponderação de Risco (FPR) para todas as operações de crédito de varejo,
independentemente do prazo. Neste caso, outros R$ 15 bilhões poderão entrar na
economia. A mudança vale para todas as operações de crédito de varejo,
independentemente do prazo, em consonância com o estabelecido no Acordo de
Basileia, conjunto de regras para a estrutura de capital das instituições
financeiras. “Dentro do objetivo de convergência internacional, foram adotados
dois conjuntos de medidas. Primeiro, foram ampliados os critérios de exposição
e receita máximas para classificação de operações como varejo e foram reduzidos
os fatores de conversão em crédito de operações de comércio exterior e de
garantias de performance”, diz a nota da instituição. O segundo conjunto de
medidas tem o objetivo de reduzir obstáculos à internacionalização das
instituições financeiras brasileiras. “Em linha com as exigências de Basileia,
exposições a países com classificação de risco equivalente ou melhor a AA-, bem
como exposições e captações de recursos em moeda local de países com
classificação de risco equivalente a grau de investimento passarão a ser
ponderadas com fator de ponderação de risco de 0%”, acrescenta a nota. Na
regulamentação, também passou a ser reconhecido o potencial de mitigação de
risco proporcionado por operações de crédito consignado. “Espera-se que as
medidas ampliem o acesso a crédito por pequenas empresas e fortaleçam o
comercio exterior. Pretende-se assim incrementar a eficiência do sistema e
salvaguardar sua resiliência”, diz o BC.
Medida
anterior.
O chefe do Departamento de Operações
Bancárias e de Sistema de Pagamentos do Banco Central, Daso Coimbra, informou
que o mercado financeiro utilizou até agora cerca de metade do montante do
impacto estimado da medida anterior (25 de julho). Ele não disse a quantidade
de recursos. Na divulgação do final do mês passado, o impacto estimado pelo
Banco Central era de R$ 30 bilhões com a alteração de normas relativas aos
recolhimentos compulsórios sobre recursos a prazo e à vista. Questionado por
que, então, liberar mais recursos para o crédito sendo que os demais ainda nem
foram utilizados por completo, Coimbra disse que agora, com a inclusão de
Letras Financeiras, esses recursos serão mais utilizados. "Haverá agora
outras possibilidades de utilização. Sem as Letras, estava mais difícil de
atingir o montante liberado da última vez", disse. Perguntado sobre se
acreditava em haver demanda para mais essa quantia agora, o técnico limitou-se
a dizer: "estimamos que sim, haverá demanda. Se não, não faríamos". Jornalistas
ainda perguntaram a Coimbra se outras medidas poderiam vir. "Sempre, a
vida inteira", respondeu. (Com agência Brasil)
Fonte:
O Estadão
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