Puxada pela elevação
no cheque especial e no crédito pessoal sem desconto em folha, taxa média passa
de 43% ao ano em junho para 43,2% em julho e atinge o maior nível desde março
de 2011. Inadimplência fica em 6,6%.
Pegar um empréstimo ou financiamento está cada
vez mais caro. Em julho, pelo sétimo mês consecutivo, os juros médios para as
famílias aumentaram de 43% para 43,2% ao ano. Puxada pela elevação do custo do
crédito no cheque especial e no crédito pessoal sem desconto em folha, a taxa
chegou ao maior nível desde março de 2011. Apesar da pressão maior sobre o
bolso do consumidor, os calotes continuaram relativamente estáveis, passando de
6,5% para 6,6% do total das operações com pessoas físicas. "As taxas de
juros, depois de acompanharem a repercussão da alta da Selic (taxa básica de
juros), encontraram novo patamar e estão oscilando em torno desse nível",
disse o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Tulio Maciel.
Esse movimento de alta foi influenciado ainda pelo spread bancário, que é a diferença
entre o que o banco paga para captar o dinheiro e o que ganha de juros dos clientes.
No mês passado, esse índice avançou 0,4 ponto percentual para as famílias e 0,7
ponto percentual para as empresas. "Para o restante do ano, espera-se que
o spread médio permaneça como a fonte de pressão sobre os juros dos empréstimos",
avalia a economista da Tendências Mariana Oliveira. O crédito pessoal, sem desconto
em folha, foi a modalidade que registrou a alta mais intensa dos juros em julho,
passando de 100,3% para 101,4% ao ano. A taxa do cheque especial apresentou o
segundo avanço mais forte – de 171,5% para 172,4% ao ano. As duas modalidades são
ainda aquelas que registraram a maior alta nos últimos 12 meses. No pessoal, a elevação
foi de 22,1 pontos; no limite especial, a alta chegou a 34,9 pontos. Estabilidade
no calote Apesar da elevação do custo de empréstimo e financiamentos, o nível
de calote continua relativamente estável. Para Tulio Maciel, do BC, a leve alta
da taxa de inadimplência em julho é "normal" e o nível de calote no
País segue historicamente baixo. Além disso, disse, a redução das taxas dos
atrasos de 15 a 90 dias é um "bom indicador" antecedente. "Esses
atrasos sinalizam uma condição favorável para o comportamento da inadimplência à
frente", disse Maciel. Danilo Delgado, economista para o Brasil da Ático Asset,
ponderou que a
inadimplência está se acomodando. "A
taxa está mais alta em relação aos últimos
meses, só que os atrasos estão caindo com
alguma consistência". O aumento da inadimplência no sétimo mês do ano pode
indicar uma "flutuação regular", avalia. Na visão de Delgado, isso pode
sinalizar ainda que a tendência de alta vista anteriormente deve ter encontrado
um teto. O economista, no entanto, se mostrou preocupado com o endividamento. "O
crédito mais elevado pode comprometer uma maior parcela da renda familiar deste
consumidor, para o pagamento de dívidas no futuro", afirmou Delgado. Entre
as modalidades de crédito, a maior inadimplência continua no rotativo de cartão
de crédito, que subiu de 32,6% para 35,3% entre junho e julho. O crédito
renegociado também apresenta níveis elevados e subiu de 20,4% para 20,6%. Nas
operações com recursos livres, com juros maiores, o menor nível de calote é no parcelado
do cartão de crédito, taxa de 0,3%; e dos beneficiários do Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS) que fazem operações com desconto em folha de
pagamento, cuja taxa de inadimplência é 1,9%. Estoque de crédito O mercado de
crédito brasileiro continuou perdendo força em julho, ao registrar o menor crescimento
em 12 meses desde 2008, em mais um sinal de que a atividade econômica enfrenta
problemas. O estoque total de crédito no País cresceu 11,4% no mês passado, na
comparação em 12 meses, sexto mês seguido de desaceleração, informou o Banco
Central. Quando comparado com junho, a expansão foi de 0,2% em julho, somando R$
2,835 trilhões, ou 56,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Para este ano, a autoridade
monetária projeta 12% de expansão no estoque de crédito. Com a economia
perdendo terreno, o governo anunciou na quarta-feira da semana passada amplo
pacote de medidas para estimular os bancos a ofertarem mais recursos no
mercado, numa ação conjunta entre o BC e o Ministério da Fazenda. Do lado do
BC, foram anunciadas medidas com potencial para injetar mais R$ 25 bilhões na
economia envolvendo, entre outros, os compulsórios sobre depósitos a prazo.
Somando ações semelhantes adotadas no fim de julho, a autoridade monetária abriu
espaço para que entrem R$ 70 bilhões no mercado de crédito. Para Tulio Maciel,
as medidas ajudam a diminuir a pressão sobre perspectivas de menor previsão de
expansão do crédito neste ano. "Mas vamos aguardar setembro", afirmou
ele ontem a jornalistas, referindo-se à data na qual o BC fará novas
estimativas para o mercado. "Há sinais mais favoráveis no volume de
concessões em agosto, mas são dados preliminares", acrescentou, sem dar
mais detalhes. Somente no crédito livre, o saldo das operações de crédito recuaram
0,5% em julho, comparado com o mês anterior, mostrando avanço de 5% em 12
meses. Neste caso, também foi o pior desempenho desde 2008. (Com agências
Estado e Reuters)
Fonte:
JC
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