Especialista lista bons motivos para você abandonar de vez a
poupança.
Basta abrir qualquer site, revista ou
jornal sobre investimentos que temos lá artigos sobre a caderneta de poupança.
No entanto, a irracionalidade financeira continua a prevalecer. Hoje, mais de
50% da população que investe no Brasil tem parte dos seus recursos na poupança.
São mais de 3,5 milhões de pessoas com mais de 30 mil reais aplicados, sendo
que mais de 10 mil tem acima de 1 milhão. Mas porque falamos em
irracionalidade? Vamos aos fatos:
Rentabilidade
Atualmente, a poupança é remunerada pelo
que chamamos de “regra antiga”, onde o investidor recebe 0,5% a.m mais a chamada
taxa referencial (TR). Aos níveis atuais de mercado, a rentabilidade anual da
poupança fica em torno de 6,8%. Para efeitos de comparação, nosso índice
oficial de inflação, o IPCA, se encontra hoje próximo a esses patamares também.
Sendo assim, a primeira conclusão que podemos chegar, é que hoje quem está na
poupança tem sérias dificuldades para conseguir proteger o seu patrimônio da
inflação oficial do governo. Vale a ressalva que a inflação para classes de
maior renda são normalmente maiores. Agora, analisando alternativas de
investimento, vamos nos concentrar nas mais comuns, que oferecem o mesmo tipo
de garantia da poupança, que é a proteção do capital investido ao limite de 250
mil reais dada pelo Fundo Garantidor de Crédito. No quadro abaixo, temos uma
comparação entre a poupança, a LCI e o CDB. Os títulos públicos, em especial a
LFT, também podem ser uma excelente opção, mas aqui vamos nos concentrar nos 3
investimentos citados acima. Notem a importância de sempre considerar a
inflação nos cálculos de rentabilidade.
Percebam que a lógica dos 3 é a mesma:
o investidor empresta dinheiro para o banco e recebe uma remuneração em troca.
O banco, por sua parte, paga a remuneração e depois empresta esse dinheiro a
outras pessoas. No caso da poupança, LCI e LCA, e banco é obrigado a emprestar
o dinheiro para fins determinados, enquanto os recursos aplicados em CDB podem
ser emprestados para fins variados. Colocando-se no lugar do banco, onde você
preferiria que seus clientes aplicassem seus recursos? Obviamente naquele onde
você irá pagar menos. Outro ponto importante, é que todo investimento é
composto por 3 pilares básicos: rentabilidade, risco e liquidez. Normalmente as
pessoas acreditam que para ter maior rentabilidade, é necessário ter maior
risco, mas se esquecem que podemos trocar liquidez por rentabilidade, sem mexer
necessariamente no risco. É exatamente o que acontece com a LCI e LCA. O
investidor abre mão de uma liquidez diária para ter uma maior rentabilidade,
mantendo a mesma segurança. Portanto, com um pouco de planejamento, você pode
otimizar seus investimentos sem abrir mão do conservadorismo (o que é a
justificativa de muitos para estarem na poupança). Nessa análise para um prazo
de investimento de 1 ano, a LCI e a LCA são as mais atrativas, no entanto, os
bancos restringem esse tipo de investimentos a clientes de média e alta renda.
Com um capital a partir de 20 mil, já é possível encontrar esse tipo de títulos
via corretoras, enquanto nos bancos esse valor costuma ser por volta dos 50
mil. Mas e se quero deixar meu dinheiro em uma conta que eu possa usar quando
quiser, qual é a melhor opção?
Péssimo
investimento para seu capital de giro
Diferente dos outros tipos de investimento,
os recursos que estão na poupança só serão rentabilizados nas datas de
aniversário. Assim, quem aplica 20 mil no dia 10, só terá a sua rentabilidade
no dia 10 do mês seguinte, antes disso, não há nenhum retorno. Prefira CDBs de
liquidez diária e também fundos DI, que, mesmo com a cobrança de IR e também
IOF (no primeiro mês), são melhores opções para quem vai resgatar os recursos
dentro do mês. A poupança pode ser atrativa apenas nos casos onde o montante é
muito pequeno e o investidor tem a certeza que vai conseguir aguardar até a sua
caderneta fazer aniversário. Para concluir, vou usar uma teoria totalmente
simplista de um amigo meu sobre a poupança. Imaginem que hoje temos mais de 600
bilhões investidos na poupança. Esses 600 bilhões pagam anualmente de juros
para os investidores em torno de 6,8% desse valor (conforme exemplo). Temos um
total então de 40 bilhões pagos. Agora, se esses mesmos 600 bilhões estivessem
aplicados em ativos como o CDB do nosso exemplo, pagariam 8,02%, líquidos de
IR. Isso faz um total de 48 bilhões pagos. Anualmente, teríamos uma diferença
de 8 bilhões a mais que entrariam diretamente na conta desses investidores.
Hoje, nosso maior programa de distribuição de renda no país, o bolsa família,
investe 25 bilhões por ano. Teríamos assim o primeiro programa de distribuição
de renda do mercado financeiro, entregando mais recursos para todos aqueles que
trabalham e poupam.
Fonte:
G. Kolberg
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