Moody's pode rebaixar Brasil.

Perspectiva do País muda de estável para negativa. Segundo a agência, foram determinantes a redução sustentada no crescimento, a deterioração no sentimento do investidor e os desafios fiscais que estes obstáculos impõem à reversão da tendência de alta da dívida pública.

A agência de classificação de risco Moody’s revisou a perspectiva do rating Baa2 do Brasil de estável para negativa. Segundo a Moody’s, a mudança se aplica a todas as classes de ratings do governo brasileiro, ou seja, ratings de emissor, ratings de títulos do governo e "shelf" ratings. O teto soberano em moeda estrangeira e moeda local permanece inalterado. "A ação de rating reflete o risco crescente de que o contínuo baixo crescimento e a piora dos indicadores de dívida sinalizem uma redução na qualidade de crédito do Brasil e irão deflagrar uma migração em sentido declinante em seu rating de crédito", afirmou a agência por meio de comunicado. A Moody’s explicou que os principais determinantes para a revisão da perspectiva do rating foram a redução sustentada no crescimento econômico, que mostra pouco sinal de retorno ao potencial no curto prazo; a deterioração acentuada no sentimento do investidor, o que tem afetado negativamente a formação bruta de capital fixo; e os desafios fiscais que estes obstáculos econômicos impõem, impedindo a reversão da tendência de elevação nos indicadores da dívida do governo. Apesar da revisão da perspectiva, a Moody’s afirmou que o rating Baa2 foi mantido por causa da "contínua resiliência do País a choques financeiros externos, dado seu colchão de reservas internacionais; vulnerabilidade limitada do balanço patrimonial do governo a mudanças abruptas no apetite global por risco em relação aos seus pares; e os benefícios subjacentes derivados da economia extensa e diversificada do Brasil". A agência prevê que a economia brasileira continuará com crescimento baixo e que a alta do PIB anual provavelmente vai permanecer abaixo do potencial do país de cerca de 3%. De acordo com os cálculos da agência, o PIB do Brasil provavelmente vai crescer menos de 1% neste ano e que o crescimento em 2015 permanecerá abaixo da marca de 2%. A Moody’s foi a última das três grandes agências de risco a concluir uma revisão do rating do Brasil neste ano. Em julho, a Fitch manteve o rating BBB do Brasil, com perspectiva estável, citando diversidade da economia, instituições relativamente desenvolvidas e forte capacidade de absorção de choques. Em março, a Standard and Poor's rebaixou a nota brasileira para BBB-, a mais baixa da categoria de grau de investimento em sua escala, mencionando a deterioração das contas públicas do País. Foi a primeira vez desde 2002, ano da primeira eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que uma das principais agências de rating rebaixou a classificação do Brasil. Ontem, a Moody’s afirmou que o rating Baa2 incorpora a expectativa de que, apesar das "visíveis diferenças" entre os três principais candidatos à Presidência, o próximo governo "provavelmente colocará ênfase na volta para um posicionamento fiscal mais conservador e na adoção de medidas que os investidores provavelmente vão ver como condutoras a um ambiente de negócios mais favorável ao mercado". No entanto, ponderou que qualquer ajuste levará tempo para fazer efeito. A agência afirmou que poderá rebaixar o rating do Brasil caso se torne aparente que a tendência dos indicadores fiscais e de dívida do governo não será interrompida e revertida e caso o crescimento da economia permaneça abaixo da tendência. Por outro lado, a Moody’s poderia mover a perspectiva do rating soberano de volta a estável se houver a consolidação de uma recuperação econômica conduzida por investimentos e cumprimento rígido das metas de superávit primário no intervalo de 2% a 3% do PIB. "A Moody’s veria a introdução de um ambiente fiscal que incorpore regras explícitas destinadas a restringir o crescimento dos gastos primários correntes como uma condição necessária para uma elevação do rating", destacou a agência, observando que uma elevação no rating brasileiro é improvável nos próximos um a dois anos. Bancos. A Moody’s também alterou de estável para negativa a perspectiva para os ratings de depósitos de longo prazo em moeda local e estrangeira, além da nota de vigor financeiro, de bancos brasileiros. Segundo a agência, as alterações de perspectiva para o rating de vigor financeiro afetam cinco bancos. No caso do rating de depósitos de longo prazo em moeda local foram 13 instituições afetadas e, no de depósitos de longo prazo em moeda estrangeira, 14. Entre os bancos estão BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Itaú, Santander, HSBC, Citibank e Bradesco.






Fonte: JC

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