Em comunicado que se
seguiu à decisão, Copom avalia que seria oportuno ajustar as condições
monetárias para garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais
benigno para a inflação em 2015 e 2016.
Numa decisão totalmente inesperada, o Banco Central
(BC) decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 11,25% ao ano, na
primeira ação depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Desde abril, a
Selic estava em 11% ao ano. No comunicado que se seguiu à decisão, o Comitê de
Política Monetária (Copom) avaliou que seria oportuno ajustar as condições
monetárias para garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais
benigno para a inflação em 2015 e 2016. Com a surpresa, os economistas já vão
hoje cedo refazer os cálculos para as projeções de vários indicadores e também definir
as apostas para a próxima reunião do Copom, marcada para o início de dezembro. Até
porque havia unanimidade entre os analistas do mercado financeiro de que a taxa
seria mantida ontem em 11% ao ano. Um fator que será fundamental para o BC nas
próximas decisões de política monetária é o comportamento do dólar. Principalmente
depois que o Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos) anunciou na tarde
de ontem que não irá mais continuar com seu programa de compra de ativos.
Embora amplamente esperado, o encerramento pressiona as moedas de países
emergentes, como o real. Além disso, a divulgação é vista como um prenúncio de
que a alta dos juros por lá está mais próxima. O anúncio se deu antes do início
da segunda parte da reunião do Copom e se encaixa no teor do alerta feito pela
diretoria do BC no Relatório Trimestral de Inflação de setembro sobre a aversão
ao risco que se instalou no mercado internacional. Do lado doméstico, a
elevação da taxa ontem se deu em meio a indefinições sobre a permanência dos
membros do Copom em seus cargos. Apesar de haver um consenso no mercado sobre a
permanência de Alexandre Tombini à frente do BC, aguarda-se a oficialização
dessa expectativa pela presidente Dilma Rousseff. Se a estabilidade da Selic já
era bola cantada, os diretores tiveram que lidar com um fator exógeno na
reunião, que são os rumores sobre os possíveis desligamentos de seus cargos.
Muitos estão “incomodados” com essa situação de indefinição. Há um consenso, no
entanto, de que nenhum deles baterá o martelo sobre o rumo de suas carreiras
antes da definição na alta cúpula da instituição. Antes disso, é aguardado o
novo nome do Ministério da Fazenda, que hoje tem como titular Guido Mantega.
Vale lembrar que o BC é subordinado à pasta e que em casos como o de um
possível descumprimento da meta de inflação, por exemplo – que pode ocorrer este
ano –, o presidente da instituição tem que dar satisfação ao ministro da
Fazenda. Apesar do marasmo da economia, pesou na decisão sobre os juros,
segundo as primeiras análises de economistas, a tendência altista dos preços. A
inflação oficial do País escapou do teto da meta de 6,5% – em 12 meses até
setembro, o IPCA estava 6,75%. Há ainda uma expectativa de redução da taxa até
o final do ano, mas convergência para o centro da meta de 4,5% mesmo, como até
o BC admite, só em 2016. O BC já deve ter incorporado em sua decisão de hoje a informação
também de que a política fiscal não tem contribuído para a administração da política
monetária ao longo deste ano, com reflexos em 2015. O ex-presidente do Banco Central
e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, avaliou ontem que a alta de
0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), para 11,25% ao ano,
determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), é um sinal de que o
órgão busca “recuperar a credibilidade da política monetária após o embate eleitoral”,
numa sinalização ao mercado de maior rigor da política monetária.
Fonte:
JC
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