De 24 economistas
ouvidos em pesquisa do Jornal do Commercio e da agência Bloomberg, 22 acreditam
que Banco Central manterá o aperto monetário para tentar controlar a inflação e
elevará a taxa básica de juros a 12,25% ao ano nesta semana.
A taxa básica de juros da economia, a Selic,
deve iniciar 2015 com nova alta de 0,5 ponto percentual. Esta é aposta quase unânime
de 24 economistas ouvidos em pesquisa do Jornal do Commercio e da agência Bloomberg
sobre a reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom), a primeira
do ano. Para 22 analistas, o Banco Central manterá o aperto monetário, e com isso,
a Selic subirá para 12,25% ao ano. Na última reunião de 2014, no dia 4 de
dezembro, a taxa também foi elevada em 0,5 ponto, para 11,75%. Caso este novo
aumento esperado pelos analistas seja confirmado, a Selic atingirá o seu maior patamar
desde agosto de 2011. Ao longo do ano passado, a taxa básica chegou a ser mantida
em quatro reuniões consecutivas, ficando em 11% ao ano de abril a setembro, até
ser aumentada em 20 de outubro para 11,25%. A partir daí, com a preocupação
crescente do governo em conter a inflação, que fechou 2014 em 6,41%, pouco
abaixo do teto da meta de 6,5%, o Banco Central resolver intensificar o aperto.
Para o diretor gestão de recursos da Ativa Investimentos, Arnaldo Curvello, na
reunião seguinte à desta semana, em março, a autoridade monetária poderá optar
por continuar elevando a taxa para conter a alta dos preços, mas o ritmo deverá
ser menor, de 0,25 ponto percentual. "O IPCA (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo) no começo do ano deverá ser bastante pressionado pela correção
de preços administrados, como da energia elétrica, além do reajuste das tarifas
de transporte público", avaliou. Curvello, contudo, prevê que após a
segunda reunião do ano, a Selic deverá manter-se estável no restante de 2015, atingindo
12,5%. "O BC vem trabalhando e estamos perto do fim do ciclo, que deverá
ser nesta reunião ou na próxima reunião", completou.
Nova equipe
O economista do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Marcel Balassiano também espera
aumento de 0,5 ponto percentual, na reunião que começa amanhã e termina
quarta-feira, e posterior elevação de 0,25 ponto percentual. Para ele, o BC
deve trabalhar para que a inflação diminua de alguma forma. “Com a nova equipe econômica,
talvez isso possa se concretizar", ressaltou. Balassiano afirmou que a
inflação ficou quatro anos longe do centro da meta, de 4,5%, e nos últimos dois
anos se manteve próxima de 6,5%, o teto da meta. Já o diretor da Órama
Investimentos, Álvaro Bandeira, acredita que a pressão inflacionária no
primeiro trimestre ainda será pesada, o que justificará a elevação em 0,5 ponto
percentual. Mas ele diz que a partir de março, a taxa poderá ter elevações de 0,25%
em cada reunião, até chegar a 13% ao fim do ano, patamar no qual deverá se manter.
"Tudo dependerá do que possa ocorrer em termos de medidas fiscais pelo
governo", analisou, referindo-se à disposição do governo de cumprir a
política fiscal projetada, que é de fazer superávit primário de 1,2% do Produto
Interno Bruto (PIB). Já o professor de Economia do Instituto Brasileiro de
Mercado de Capitais do Rio (Ibmec-RJ) e economista da Simplific Pavarini,
Alexandre Espírito Santo, diz que muitos analistas previam a taxa Selic chegando
a 13% neste ano ou a 13,5%. No entanto, após o novo ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, sinalizar mudanças na política fiscal, muitos passaram a rever as projeções.
Com isso, segundo ele, os juros não podem subir muito. "Seria um tiro no
próprio pé. Ajuda a conter os preços, mas, por outro lado, algumas empresas
acabam repassando parte dos juros ao produto final", alertou. Por isso,
ele também aponta que a reunião de março poderá representar o fim do ciclo de elevação
da Selic.
Esforço
Para o economista-chefe da Concordia, Flávio
Combat, o esforço por parte do Ministério da Fazenda, atuando ao lado do BC
para combater a alta da inflação, é um sinal importante para a Selic ficar
estável a partir de março. "Até então, cabia quase que exclusivamente ao
BC essa tarefa árdua. Se o governo estiver disposto em cumprir a meta de superávit,
não haverá necessidade de elevar a Selic ao longo do ano", disse ele, que
também prevê aumento de 0,5 ponto percentual na reunião desta semana. Guilherme
Maia, economista da Votorantin Corretora, afirma que o preço da energia elétrica
influenciará no aumento de 0,5 ponto percentual, além da variação cambial e do
aumento da gasolina, concedido no ano passado, mas que ainda vem se refletindo na
inflação. "Nesse ambiente, é necessário um aperto monetário buscando o
controle da inflação", concluiu.
Fonte:
JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário