Autoridade monetária
melhorou projeções para 2016, indicando que juros devem continuar a subir.
O Banco Central abandonou de vez a ideia de
uma recuperação da economia brasileira neste ano. A autarquia prevê agora uma
retração da atividade de 0,5%. A informação foi dada no relatório trimestral de
inflação, publicado na manhã desta quinta-feira. No documento, a autoridade
monetária também revisou a projeção para a inflação oficial (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo, IPCA) de 6% para 7,9% em 2015. No entanto, melhorou a
expectativa para o ano que vem. Mesmo assim, a autarquia indicou que os juros
devem continuar a subir. “A propósito, o Copom avalia que o cenário de
convergência da inflação para 4,5% em 2016 tem se fortalecido. Para o Comitê,
contudo, os avanços alcançados no combate à inflação — a exemplo de sinais
benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo — ainda
não se mostram suficientes”, disse o relatório. A previsão da autoridade para a
inflação no ano que vem passou de 5% para 4,9% e se aproximou do centro da meta.
Ela foi calculada no chamado “cenário de referência” do BC, ou seja, os
técnicos usam o câmbio e a taxa básica da época para fazer as contas. Isso
significa que, se os diretores do Comitê de Política Monetária (Copom)
continuarem a aumentar os juros, a previsão muda. As mudanças apresentadas hoje
mostram que as estimativas da autarquia estão mais próximas da realidade. Os
analistas do mercado financeiro apostam em retração de 0,83% neste ano. E
esperam que o IPCA fiquem em 8,12%. Nos últimos 12 meses, por exemplo, o índice
está em nada menos que 7,7%.
DÓLAR
ALTO DEVE ELEVAR INVESTIMENTOS
A meta do que o BC deveria alcançar é deixar
a inflação em 4,5%. No entanto, há uma margem de tolerância de 2 pontos
percentuais para cima ou para baixo. Nos últimos anos, o IPCA esteve acomodado
nesse intervalo. Agora, promete estourar o teto de 6,5%. Se isso ocorrer, o
presidente do BC tem que mandar uma carta pública ao ministro da Fazenda para
explicar os motivos da sua falha na missão. Desde setembro do ano passado, o BC
passou a admitir que não conseguirá conduzir a inflação para a meta em 2015. E
isso só ocorrerá nos primeiros trimestres de 2016. A avaliação interna é deixar
todos os grandes impactos — como o aumento das tarifas públicas — ocorrerem
agora para então tentar a resgatar a credibilidade no ano que vem. E o Banco
Central tem dado sinais de que estaria disposto a elevar ainda mais a taxa
básica (Selic), que já está em 12,75% ao ano. Desde que voltou a apertar a
política monetária logo após as eleições, os juros básicos subiram 1,75 ponto
percentual. É assim que o BC tenta controlar a inflação: torna o custo do
dinheiro mais caro para desestimular o consumo e evitar uma alta de preços na
economia. Por isso, o BC afirma que o consumo mais fraco neste ano deve ajudar
o combate à inflação porque crescerá menos do que o potencial da economia
brasileira. Quando a demanda está mais acelerada que a capacidade de uma
economia crescer, o resultado é aumento de preços. Para melhorar o quadro, o
Copom espera que os investimentos aumentem. Nesse ponto, o dólar alto deve
ajudar. Ele incentiva a cambaleante indústria brasileira voltar a investir para
exportar. E ainda inibe gastos dos brasileiros no exterior e com importações.
Isso ajusta naturalmente as contas externas que estão há anos no vermelho.
Fonte:
O Globo
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