A Fitch começa hoje, em Brasília, as reuniões
com a equipe econômica para o processo anual de avaliação da nota de risco de
crédito do Brasil com atenção redobrada dos investidores do mercado financeiro.
Segunda agência internacional de classificação de risco a enviar uma missão ao Brasil
este ano, a Fitch permanece, desde 2011, com a nota de grau de investimento do Brasil
dois níveis acima do grau especulativo e viés estável. Como a Standard &
Poor’s e a Moody’s –as outras duas grandes agências – fizeram movimentos da
nota do Brasil, no ano passado, quando a deterioração dos indicadores econômicos
brasileiros já havia se acentuado, é grande a expectativa em torno do processo de
revisão da Fitch porque a agência ainda não se mexeu até agora. A percepção no
governo brasileiro, segundo apurou a reportagem, permanece otimista de que
conseguirá uma trégua da agência. A avaliação é de que a Fitch tem a tradição de
levar em consideração na sua análise os compromissos dos governos dos países
analisados e deve aguardar a reposta da economia às medidas de ajuste fiscal e
de política monetária implementadas pela nova equipe econômica. "O
compromisso do ministro Levy é forte. Não há razão para a Fitch se movimentar
para baixo", destacou uma fonte do governo. A avaliação é de que a
mensagem de compromisso com a meta fiscal das contas públicas é clara e crível,
permitindo a estabilização da dívida pública. Levy também deve reforçar que o
crescimento da economia vai se recuperar a partir do segundo semestre. O
governo avalia que precisa entrar "no jogo" do convencimento da agência
transmitindo muita confiança na capacidade de as medidas adotadas darem uma resposta
positiva ao quadro negativo da economia. Em julho do ano passado, quando a
Fitch manteve a nota do Brasil com viés estável, o comunicado da agência
justificou a decisão dizendo que a diversidade econômica do País, as
instituições relativamente desenvolvidas, uma alta capacidade de absorção de choques
com uma robusta posição externa líquida e um sistema bancário adequadamente capitalizado
contrabalanceavam a fraqueza estrutural das contas públicas. A manutenção da
nota do Brasil ocorreu meses depois de a Standard & Poor’s ter rebaixado o
seu rating do Brasil. Logo em seguida, em setembro, a Moody’s, às vésperas das
eleições presidenciais, rebaixou de estável para negativa a perspectiva da nota
do Brasil. Em comunicados recentes, a Fitch tem destacado que a estratégia do
governo para incentivar o crescimento e enfrentar os desequilíbrios
macroeconômicos, como a inflação elevada e os altos déficits fiscal e de conta
corrente, será fundamental para a trajetória do rating soberano do País. Em
comunicado distribuído ontem, a Fitch afirmou que os mercados emergentes estão passando
por uma desaceleração generalizada e, em alguns casos, até contração. A agência
ressalta que o Brasil está em recessão desde meados de 2014 e prevê queda de
0,4% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2015. Em 2016, o País deverá
ter crescimento de "apenas" 1,5%, afirmou a Fitch em relatório. O
documento alimentou expectativas ruins sobre a avaliação da agência em relação
ao Brasil. Uma das preocupações da agência é com os efeitos das investigações
de corrupção na Petrobras e das dificuldades políticas enfrentadas pela presidente
Dilma. O governo quer mostrar para agência que com diálogo com o Congresso vai
conseguir enfrentar as resistências às medidas. A missão é chefiada pela
diretora senior de rating soberanos, Shelly Shetty. (Colaborou Lucas Hirata)
Fonte:
JC
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