Diretor afirma que
objetivo agora é trazer o IPCA para o centro da meta (4,5%) no final de 2016.
Sobre o PIB, expectativa é de retração de 1,1% em 2015 – a maior em 25 anos.
O Banco Central admitiu ontem que a inflação
deve atingir 9% em 2015 e, com isso, estourar o teto do sistema de metas de
inflação. Além disso, o BC também previu que a economia brasileira deve “encolher”
1,1% neste ano – a maior contração em 25 anos. Os dados fazem parte do
Relatório Trimestral de Inflação do segundo trimestre deste ano. O avanço
previsto de 9% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é superior aos
7,9% previstos anteriormente e bem próximo ao aumento de 8,9% projetado por
economistas de instituições financeiras no último boletim Focus. O BC também
diminuiu levemente sua previsão para a inflação em 2016 e, com o patamar ainda
acima da meta, reforçou diversas vezes que segue comprometido com um IPCA de 4,5%
até o fim do ano que vem, sugerindo aperto mais duro nos juros para concretizar
a tarefa. “No momento, o nosso trabalho está 200% focado no objetivo de trazer
a inflação para 4,5% no final de 2016”, disse o diretor de Política Econômica do
BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, assinalando que a autoridade monetária fará “o
que for necessário” para tanto. No relatório, o BC informou que passou a ver o
IPCA de 4,8% no próximo ano, ante 4,9% antes, ainda não atingindo os 4,5%
perseguidos no centro da meta, que tem margem de dois pontos percentuais para
mais ou menos. Em coletiva de imprensa, Awazu reconheceu que os avanços obtidos
no combate à alta de preços seguem insuficientes, mas disse que o ceticismo
sobre a capacidade do BC de entregar a meta prometida reduziu para os
horizontes mais longos. O diretor destacou que as expectativas para 2017 a 2019
já estão ancoradas em 4,5%, ressaltando que o processo de “desinflação” é cada
vez mais convergente para o centro da meta no ano que vem, apesar da expressiva
inflação corrente. No documento trimestral, o BC repetiu que é necessário “determinação
e perseverança” para combater a alta de preços na economia e que a política
monetária “deve manter-se vigilante”, expressões que também foram ditas por Awazu
em vários momentos. Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano
Rostagno, o Relatório de Inflação reforçou a mensagem que “o BC só vai parar de
subir juros quando as suas projeções de inflação apontarem para o centro da
meta”. “Pela diferença entre o que está projetado e o centro da meta, me parece
que a alta deve ir além da reunião (do Copom) de julho”, disse. Para o
economista-chefe do Banco J.Safra, Carlos Kawall, a principal conclusão após o
discurso de Awazu é que o BC não está querendo “correr riscos no sentido de que
se faça uma alta insuficiente para ancorar as expectativas à frente”. Kawall
passou a ver alta de 0,5 ponto percentual na Selic na próxima reunião do Comitê
de Política Monetária, no fim de julho, ante projeção anterior de 0,25 ponto
percentual. Para ele, os passos seguintes do BC devem ser guiados por revisões
negativas para a economia neste ano, o que deve ocorrer em vista do visível
esfriamento da atividade. “Nas nossas contas, com o PIB (Produto Interno Bruto)
por exemplo a -1,5% em 2015, você já chega numa projeção do BC de inflação a
4,5% no ano que vem. Quando chegar na reunião de setembro, acho que o BC já vai
estar satisfeito (com o aperto)”, disse. Ontem, a autoridade monetária piorou
sensivelmente suas estimativas para a atividade neste ano, passando a ver
contração de 1,1% do PIB. ante retração de 0,5% anteriormente, com piora nas
expectativas para a indústria e setor de serviços, e para o consumo das
famílias e do governo. Novos números O mercado aguardava a divulgação da
expectativa do BC para a inflação em 2016 para calibrar suas expectativas em relação
ao ajuste monetário conduzido para combater o avanço de preços na economia. No
mercado futuro de juros, os DIs abriram esta sessão em forte alta após a
divulgação do relatório, reforçando as apostas de que o atual ciclo deve ser mais
intenso. Segundo operadores, as apostas agora mostram que a Selic vai subir a 14,75%
ao ano, acima dos 14,5% esperados até a véspera. No relatório, o BC apontou que
vê a inflação no centro da meta apenas no segundo trimestre de 2017. O IPCA
surpreendeu em maio ao acelerar a alta a 0,74%, acumulando em 12 meses 8,47%. A
prévia para o desempenho do índice em junho continuou mostrando pressão, com o
IPCA-15 subindo 0,99% neste mês, a maior alta para junho em quase 20 anos. Diante
do aumento, guiado principalmente pelo reajuste de preços administrados, o BC
elevou a Selic em 0,5 ponto percentual no início do mês, para 13,75%o ao ano,
na quinta alta consecutiva dessa magnitude. “(O BC) mantém o ciclo de ajuste,
possivelmente com mais uma alta de 50 pontos base e aí fica a dúvida se tem
mais uma alta de 50 pontos base ou 25 pontos base na outra reunião do Copom”,
disse o economista chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo. (Com agências)
Fonte:
JC
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