Para professor da
American University, Dilma precisa de artifício político.
Ex- economista- chefe para as Américas do ING
Barings e para Mercados Emergentes do ABN Amro, o professor Arturo Porzecanski,
da American University, diz serem pequenas as chances de evitar a perda do grau
de investimento pela agência Standard & Poor’s ( S& P). A decisão da
S& P significa que o plano de ajuste da presidente Dilma Rousseff falhou? Quando
o ministro Joaquim Levy assumiu a Fazenda, e Dilma endossou o ajuste, criou- se
um fator positivo para a confiança no país, e o rebaixamento ficou adormecido.
Mas a economia real não reagiu, e o ambiente político contribuiu muito. Os
escândalos estão fora de controle. A economia está se deteriorando rapidamente,
com o real derrubado, as receitas sangrando, a recessão severa, a inflação
quase em dois dígitos, e o cenário internacional jogando contra, com
commodities em baixa e aversão em alta, antecipando a elevação dos juros dos
EUA. É uma tempestade perfeita. Há fortes razões para a angústia do mercado e
da S& P. A pá de cal para acabar com a trégua foi a redução da meta de
superávit primário, prova concreta de que não está dando certo o ajuste. Há
margem de manobra para o Brasil evitar a perda do grau de investimento? Difícil
apostar nisso, o Brasil está num grave círculo vicioso, e o tempo é curto. Não
se pode sequer dizer se atingimos o piso, se o mercado ainda vai reagir à
perspectiva negativa ou se o anúncio da S&P é o último prego no caixão. A
confiança no Brasil vem sendo corroída paulatinamente desde o segundo mandato
do presidente Lula. Agora, a herança ficou muito pesada, ninguém acredita mais
nas metas de inflação e das contas públicas. É muito difícil desmontar a bomba
em tempo hábil e apresentar meses e meses de bons resultados fiscais, inflação
e investimento. Até lá, aos olhos do mercado, o Brasil continuará culpado, sem
direito à presunção de inocência. O Congresso aparece como barreira a um ajuste
mais amplo. A política é o principal entrave à economia? A imperatriz ficou
nua. A Dilma tentou: trouxe o Levy e chancelou o ajuste. Agora, os instrumentos
de política econômica estão limitados. Resta à presidente um movimento
político. Poderia ela montar uma aliança diferente, trazer gente de fora de PT-
PMDB, fazer uma coalizão para quebrar o impasse político e a visão de que ela
comanda um navio naufragado? A presidente precisa apresentar uma coisa
diferente.
Fonte:
O Globo
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