Foi o pior resultado
do emprego com carteira assinada dos últimos 24 anos e o quarto mês consecutivo
em que o número de demissões no País superou o de contratações.
O Brasil fechou 157,9 mil vagas com carteira
assinada em julho, o pior resultado para o emprego formal dos últimos 24 anos.
O mês passado foi o quarto seguido em que o número de demissões foi maior que o
de contratações. Com o dado ruim, o País acumula um resultado negativo de quase
meio milhão de vagas nos sete primeiros meses do ano. O saldo de julho,
informado na sexta-feira, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), é muito
inferior ao registrado em igual mês de 2014, quando foram criadas 11,8 mil
vagas. Há 16 anos o País não registrava um número negativo em meses de julho.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do mês passado
são fruto de 1,397 milhão de admissões e 1,555 milhão de demissões. Os dados
são sem ajuste, ou seja, não incluem as informações passadas pelas empresas fora
do prazo. O número de julho foi ainda pior que as expectativas de mercado, que
já previam resultado negativo. Levantamento feito pela Agência Estado com 13
instituições mostrava que as estimativas eram de um resultado negativo de 82,2
mil a 140 mil postos de trabalho. Com base neste intervalo, a mediana encontrada
era de eliminação de 111,3 mil vagas. Para o economista-chefe da AZ
FuturaInvest, Paulo Eduardo Nogueira Gomes, os números estão em linha com a
taxa de desemprego divulgada na quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), de 7,5%. “A tendência é continuar piorando e o desemprego
pode atingir 10% já em janeiro do próximo ano”, comentou. O dado do mês passado
fez com que o número total de trabalhadores com carteira assinada no País
caísse de 41,5 milhões em julho de 2014 para 40,7 milhões no mês passado. No
cálculo de 12 meses, entre agosto de 2014 e julho deste ano, o País acumula perda
de 778,7 mil vagas. Já nos primeiros sete meses do ano, pelos dados ajustados, o
total de postos fechados soma 494,4 mil. Pela primeira vez desde o início da
gestão petista no Palácio do Planalto, em 2003, o saldo acumulado de janeiro a
julho ficou negativo. O número mais baixo registrado nesse período foi no ano
passado, quando houve geração de 681,5 postos de trabalho. O ministro do
Trabalho, Manoel Dias, não quis conceder entrevista coletiva sobre os dados, mas
falou com a imprensa pela manhã, antes da divulgação. Segundo ele, tem gente
que torce até para um desemprego de 100%. “Mas isso não vai ocorrer. O País
está tomando as medidas necessárias, o governo tem retomado os investimentos”,
afirmou, acrescentando que a economia está sendo afetada por uma crise política.
Dias comentou ainda que os resultados iniciais do Programa de Proteção ao
Emprego (PPE) são promissores, com duas empresas já tendo aprovado os acordos
coletivos específicos com os sindicatos. A medida permite a redução da jornada
de trabalho e dos salários dos empregados na indústria em até 30% em tempos de
crise ou de queda expressiva de produção. Para o trabalhador, o salário será cortado
em até 15%, já que haverá complementação do valor com recursos do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT). “Devemos assinar os dois primeiros contratos na
próxima semana, no setor de autopeças. Temos mais 20 em andamento e muitas
outras empresas estão buscando informações”, comentou Dias. Segundo ele, muitas
empresas não estão solicitando o limite máximo de 30% de redução nos salários e
na carga horária, o que mostraria confiança de que a situação deve melhorar em
um espaço relativamente curto de tempo.
Setores
Mais uma vez, a indústria de transformação
foi a responsável pelo fechamento do maior número de vagas formais de trabalho em
julho. No mês passado, o saldo do setor ficou negativo em 64,3 mil postos. O
número representa o pior resultado para o mês da série histórica iniciada em
1992. O setor teve retração generalizada, com destaque para a indústria têxtil,
que registrou menos 8,6 mil postos, a mecânica, com queda de 7,8 mil vagas, e a
metalúrgica, que encerrou 7 mil empregos formais. O dado de julho também é o pior
registrado da série para quase todos os setores, com exceção da agricultura. O
setor de serviços foi o segundo que mais fechou vagas no mês passado, com saldo
negativo de 58 mil postos, seguido do comércio, com menos 34,6 mil vagas, e da
construção civil, que fechou 22 mil postos formais de trabalho. A administração
pública encerrou o mês com menos 2 mil vagas. O mês teve resultado positivo apenas
para a agricultura, que abriu 24,5 mil novas vagas formais. O setor extrativo
mineral apresentou relativa estabilidade, com menos 795 postos em julho. Gomes,
da AZ FuturaInvest, avalia que as perspectivas para a indústria não são das
melhores, já que no segmento automotivo, por exemplo, muitos funcionários ainda
estão em férias coletivas e layoff. Ele aponta que a construção civil poderia
melhorar um pouco nos próximos meses, com a entrada do 13º salário na economia.
Um efeito semelhante tenderia a ser sentido no comércio, em função das vendas de
fim de ano, mas o desempenho observado em outras datas comemorativas este ano,
como o Dia dos Pais, mostra que o impulso não seria muito grande. No recorte
regional, também se observa retração em todo o País. Os piores números vêm da Região
Sudeste, que fechou 80 mil vagas, seguida do Sul, com menos 45 mil postos, e
Nordeste, que encerrou 25,2 mil empregos formais. As quedas menos intensas ficaram
com as regiões Norte, que fechou 2 mil vagas, e Centro-Oeste, com saldo
negativo de 5,8 mil. O estado com o pior resultado do País no mês foi São Paulo,
respondendo por um fechamento de 38 mil empregos. O número foi bem mais forte
que o segundo lugar, Rio de Janeiro, com menos 19,5 mil vagas. (Colaborou Álvaro
Campos)
Fonte:
JC
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