Relator manterá corte de R$ 10 bi no Bolsa Família.

Ricardo Barros detalha remanejamento de recursos no montante de R$ 16,51 bilhões com objetivo de garantir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB fixada pelo ministro Levy.

Para garantir o cumprimento do superávit primário de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB), o relator-geral do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou na sexta-feira que vai manter o corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família, correspondente a 35% do total do programa. Em entrevista coletiva, o parlamentar detalhou os cortes de despesas e o remanejamento de recursos do Orçamento no montante de R$ 16,51 bilhões a fim de garantir a meta fiscal estipulada pelo governo. Barros afirmou que o corte no Bolsa Família vai atingir, conforme projeções da ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, 23 milhões de pessoas. Em sua justificativa, o relator disse que auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) identificaram deficiências no programa, como falta do registro de frequência de alunos beneficiá- rios ou mesmo famílias beneficiárias com rendas superiores ao previsto em lei. “Não tenho nada contra o Bolsa Família, é um excelente programa. Mas o que está fora da lei não pode prevalecer”, afirmou o deputado. Ele disse que a restrição ao programa poderá ser revista caso seja aprovada uma recomposição orçamentária – o corte seja retirado desde que se aprove um destaque em que se diga de onde vai haver a compensação.
 O líder do governo na Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Paulo Pimenta (PT-RS), já disse que vai apresentar uma proposta nesse sentido. Contudo, Barros avaliou que, diante do engessamento do Orçamento de 2016, considera ser difícil que essa mudança prospere. “A recomposição é apenas jogar para a plateia”, disse o deputado, que também é um dos vice-líderes do governo na Câmara. Além de mexer no Bolsa Família, o relator propõe, entre cortes para atingir a meta fiscal e ajustar os parâmetros, uma “tesourada” de R$ 320 milhões no pagamento do auxílio-reclusão (50% do previsto, condicionado à aprovação de um projeto de autoria dele em tramitação na Câmara – hoje o benefício segue a regra da pensão por morte e, com a proposta, seria limitada a seis meses), outra de R$ 80 milhões no auxílio moradia e ainda uma economia de R$ 1,84 bilhão da Previdência Social por não se pagar compensações em razão da desoneração da folha de pagamento – por causa da diminuição da atividade econômica. Barros também propõe um remanejamento de despesas no valor de R$ 4,3 bilhões. Ele sugere um corte médio de 40% nos investimentos do Judiciá- rio (R$ 720 milhões), do Legislativo (R$ 90 milhões) e Ministério Público da União (R$ 4 milhões). Na parte de custeio, o corte no custeio do Judiciário, do Legislativo, do Ministério Público da União e do Executivo chegam a R$ 3,42 bilhões. “Entendemos que é necessário fazer esses cortes, infelizmente não tem outra solução”, disse Barros. “É uma solução adequada e o importante é que informe aos brasileiros que tenhamos um Orçamento adequado”. Conforme já havia adiantado, o relator disse que a proposta prevê uma arrecadação com o retorno da CPMF de R$ 10,3 bilhões e outros R$ 21 bilhões com o projeto de repatriação de recursos de brasileiros no exterior não declarados ao Fisco. Questionado se isso é propor um Orçamento “fictício”, por se valer de propostas que sequer foram aprovadas, o deputado foi sucinto: “Se as receitas condicionadas não se confirmarem, as despesas vinculadas a elas não poderão ser realizadas.” A expectativa dele é que o Orçamento de 2016 seja votada pelo plenário do Congresso até a próxima quinta-feira, dia 17. Por esse calendário, deputados e senadores precisam votar antes o Plano Plurianual de 2016 a 2019 – que está na pauta do Congresso da próxima terça-feira. Só depois, por conta do regimento, a CMO e, em seguida, o plenário do Congresso poderão votar o Orçamento. 

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