Em palestra na Emerj, o
ministro do STF Marco Aurélio de Mello diz que, embora a legislação seja
moderna, ainda cabe ao Judiciário a missão de solucionar controvérsias
O
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio de Mello, disse que a
Lei 9.307, que rege a arbitragem brasileira – forma de solução de conflitos
entre indivíduos –, ainda é pouco utilizada no Brasil. O ministro disse,
durante o III Seminário sobre Cessão de Crédito, Desenvolvimento Econômico e
Função Social, promovido pela Escola da Magistratura do Estado do Rio (Emerj),
na última sexta-feira, que a solução de conflitos de interesse mediante árbitro
ainda não faz parte da cultura do País. Mello, que falou sobre A Economia e a
Cessão de Crédito, disse que a circulação da riqueza provoca o surgimento de
inúmeros conflitos de interesse, que envolvem o sentimento de paixões
exacerbadas. “O ideal seria a composição desses conflitos mediante o entendimento
e da flexibilização das óticas inicialmente reveladas. Sabemos, porém, que o
homem sucumbe às paixões e que se acha titular do direito e não parte para essa
compreensão maior tendo em conta o contexto”, afirmou. O ministro argumentou que,
apesar da lei da arbitragem ser moderníssima, quase sempre ela só é acionada em grandes contratos que envolvem
pessoas jurídicas. Não havendo a composição de conflitos na mesa de negociações
via arbitragem, segundo ele, o Judiciário surge com papel insuplantável. “Nós, que personificamos o Estado, juizes cidadãos,
e não semideuses, exercemos uma missão sublime: a de julgar os conflitos de interesse
envolvendo semelhantes. Devemos fazê-lo potencializando acima de tudo o espírito,
com percepção exata da atividade a ser desenvolvida”, disse. Na abertura do
seminário, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
(TJ-RJ), desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, disse que a questão da
cessão de crédito, desenvolvimento econômico e função social é de enorme importância.
Rebêlo dos Santos acrescenta que, além de
cuidar das riquezas, é preciso também se preocupar com o desenvolvimento
sustentável do País.
Cobrança de atenção
“A
natureza cobra nossa atenção de forma cada vez mais rigorosa. A culpa é exclusiva
da ganância humana. Falta perspectiva do que se pode e do que não se pode fazer. Isso causa um enorme prejuízo
ambiental. As consequências virão para os nossos netos”, afirmou. O desembargador
Sylvio Capanema também ministrou palestra sobre Legitimação da Transferência de
Créditos à Luz do Direito Obrigacional e
o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, sobre o tema Cessão
de Crédito, Aspectos Jurídicos.
Fonte: JC
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