Segundo especialistas, os
profissionais que não se atualizarem ficarão excluídos ou estagnados.
Remuneração de quem domina as regras varia de R$ 10 mil a R$ 15 mil
Em
2007, o governo federal sancionou a Lei 11.638, que estabeleceu a adoção
gradativa das normas de contabilidade da International Financial Reporting
Standards (IFRS) nos demonstrativos financeiros das empresas de capital aberto
brasileiras. Cinco anos depois, no entanto, ainda são minoria os contadores do País
que dominam as regras do padrão internacional. Especialistas ouvidos para esta reportagem
afirmam que muitas organizações já descartam os candidatos que desconhecem o
IFRS. Por outro lado, quem domina fica com as melhores oportunidades na área,
cujas remunerações variam de R$ 10 mil a R$ 15 mil. No Brasil, a difusão das normas
do IFRS estão a cargo do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o Instituto Brasileiro
de Contabilidade (Ibracon) e o Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC). As três
instituições são diretamente ligadas à International Accounting Standards Board
(IASB), organização internacional sem fins lucrativos que publica os padrões da
IFRS. Para o sócio da Insigne Consultoria, Sérvulo Mendonça, com a convergência
às normas internacionais, o profissional que não estiver atento à esta realidade passará a exercer
demandas somente operacionais. “O
contador ficará estagnado, pois não poderá alcançar funções que requerem este conhecimento específico”,
ressaltou. O conselheiro da Câmara Técnica do CFC, Jádson Gonçalves Ricarte,
avalia que o domínio do IFRS abre ainda a possibilidade do contador atuar no
exterior. “Ainda são poucos os que dominam as norma e não faltam vagas para
estes profissionais até mesmo fora do
País”, afirma o conselheiro. Em sua avaliação, já houve tempo suficiente para
todos se atualizarem, porém ainda não é a realidade brasileira. Transparência Ricarte
conta que as regras do IFRS alteraram a forma de organização da estrutura de balanço
das companhias, tornando-a mais transparente. Segundo o conselheiro, a adoção
de um padrão internacional beneficiou
também as companhias de capital aberto que divulgam resultados fora do País. “Antes,
as companhias adaptavam seus balanços às leis
vigentes em cada mercado que
atuava, o que onerava estas organizações”, explica. Diferenças Mendonça observa
que as regras da IFRS não requerem somente conhecimento contábil, mas também
sobre dados financeiros e econômicos. Segundo o empresário, os profissionais da
área de auditoria, normalmente vinculados
às grandes e médias empresas, estão tendo mais acesso
a material didático e treinamentos.
“Ainda assim, a preparação dos profissionais para esta nova realidade está distante
do ideal”, ressalta. O especialista contábil e tributário sênior da empresa de
soluções fiscais Iob Folhamatic, Rogério Ramos, concorda que a qualificação dos
profissionais brasileiros ainda está atrasada. “O IFRS exige que o contador
seja mais técnico. Quem não conhece, está ficando fora dos processos
seletivos”, ressaltou. O conselheiro do
CFC defende que, apesar da velocidade das mudanças
no mercado de contabilidade nos últimos anos, a informação sempre esteve
disponível para todos. “Faltam profissionais interessado em se atualizar”,
ressalta. Ricarte acrescenta que, na
época da alteração, por exemplo, o CFC contratou um profissional do IASB para
ministrar cursos no Brasil. Qualificação Rogério Ramos sugere que o contador
busque cursos para se preparar não só
para o padrão IFRS, mas também para as constantes atualizações das regras
contábeis. “Existem cursos que passam uma noção inicial do IFRS, mas,
periodicamente, estas normas são atualizadas. Por isso, só a prática faz o
profissional dominar as regras”, disse. Acompanhar as publicações dos
demonstrativos financeiros das empresas, normalmente veiculados em mídia impressa de grande circulação, é
também uma forma de aprendizado
para os contadores que desejam dar os
primeiros passos no IFRS. “No entanto, o processo de educação continuada
depende da participação de cursos e
eventos sobre o tema”, sugere Ramos. Pelo fato de sua empresa atuar como
auditoria e consultoria contábil, Sérvulo Mendonça avalia que tem acesso constantes às
atualizações nas normas internacionais.
“Ainda assim, temos um consultor externo. Nos casos de interpretação dúbia, ele
nos assessora”, conta o sócio da Insigne Consultoria. As empresas brasileiras, por
sua vez, estão claramente mais preocupadas com a qualificação de seus contadores
em relação às regras internacionais. “Os bancos exigem os demonstrativos financeiros
nos padrões IFRS para a liberação empréstimos. Por isso, o investimento em
treinamento da mão de obra passou a ser obrigatório”, explica Ramos. Já
Mendonça, observa que as organizações estão mais atentas até mesmo do que os próprios
contadores. “Muitos dos profissionais da área de contabilidade ainda veem os cursos
como um custo extra, em vez de um investimento na carreira”, completa Mendonça.
Fonte:JC
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