A desaceleração da economia brasileira no segundo semestre de 2011 – motivada
por uma série de medidas adotadas no período pelo governo para evitar o aumento
da inflação – foi maior do que a esperada. Além disso, apesar de a inflação de
serviços ainda seguir em níveis elevados, o conjunto de informações analisadas
pelo Banco Central (BC) sugere tendência declinante da inflação acumulada em 12
meses, em direção à meta de inflação, que em 2012 tem como centro 4,5%, com
margem de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. Esses fatores,
de acordo com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom)
do BC, divulgada nesta sexta-feira (6), estão entre as justificativas da
redução da taxa básica de juros,
a Selic, para 8,5% ao ano, o nível mais baixo já registrado desde que a atual
política monetária foi adotada, no início de 1999. A taxa básica de juros é
responsável por remunerar os títulos públicos depositados no Sistema Especial
de Liquidação e de Custódia (Selic). O Copom manteve a projeção de que
não haverá reajuste nos preços da gasolina e do gás de botijão no acumulado de
2012. No caso das tarifas de telefonia fixa e de eletricidade, foram mantidas
as estimativas de reajuste de 1,5% e de 1,3%, respectivamente. Essas projeções
também levaram a autoridade monetária a considerar o cenário favorável para a
redução da Selic. Segundo o comitê, o processo de redução dos juros foi
favorecido, também, pelas mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de
capitais, pelo aprofundamento do mercado de crédito, bem como pela geração de
superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente
para a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB). Esses
fatores, diz a ata, “contribuem para que a economia brasileira hoje apresente
sólidos indicadores de solvência e de liquidez”. De acordo com a ata, o cenário
de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio do
dólar em R$ 2,05 e da taxa Selic em 9% ao ano. Nesse cenário, avalia o Copom, a
projeção para a inflação de 2012 diminuiu em relação ao percentual considerado
na reunião de abril, e se encontra em torno do valor central de 4,5% para a
meta fixada. No cenário de mercado, a projeção de inflação para 2012 também
diminuiu e se encontra em torno do valor central da meta. O Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,64% em
abril, ante 0,21% em março e 0,45% em fevereiro. Em 12 meses, a inflação
acumulada chega a 5,1% em abril, resultado inferior aos 5,24% registrados em
março. O Copom avalia que a demanda doméstica tende a melhorar,
especialmente o consumo das famílias, em grande parte devido aos efeitos de
fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão moderada do
crédito. Esse ambiente, diz a ata, tende a prevalecer neste e nos próximos
semestres, quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos das ações de
política recentemente implementadas. O comitê, no entanto, pondera que
iniciativas recentes reforçam um cenário de contenção das despesas do setor
público. Em relação ao mercado de trabalho, o Copom avalia que, de acordo com
os dados analisados, “embora o mercado de trabalho continue robusto, há sinais
de moderação na margem”. O cenário internacional também tem contribuído para o
controle dos preços no Brasil. Segundo o Copom, até o momento a fragilidade da
economia global tem apresentado uma contribuição “desinflacionária” para o
país. “Eventos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a
crise financeira europeia, e que continuam elevados os riscos associados ao
processo de desalavancagem – de bancos, de famílias e de governos – ora em
curso nos principais blocos econômicos. Esses e outros elementos, portanto,
compõem um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza muito acima
do usual. Para o comitê, o cenário prospectivo para a inflação, desde sua
última reunião, manteve sinais favoráveis”, diz a ata.
Fonte: JB
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