As
sucessivas quedas da taxa de juros e os incentivos à indústria não tiveram o
poder de injetar alento à economia. O movimento descendente da Selic, que
começou em agosto de 2011, levou-a ao menor nível da história — 8% ao ano.
Especialistas apostam que 2012 feche com patamar inferior a 7,5%. A redução, há
muito exigida pelo setor produtivo, não trará mudanças rápidas porque, no
caminho, há entraves internos e externos. Abatidos pela crise que se arrasta desde
2008, os mercados mundiais se retraíram. Os Estados Unidos e os países da União
Europeia que adotaram o euro não vislumbram a retomada sustentável do
crescimento a curto e médio prazo. Até a China, que vinha mantendo o ritmo de
expansão em dois dígitos há uma década, anunciou freio na
marcha. O PIB de 2012 deve girar em torno de 8%. Se ficar abaixo, as nuvens
ficarão mais ameaçadoras. A alternativa seria apelar, de novo, para forças
domésticas. Ocorre que o Brasil não é uma ilha de prosperidade num arquipélago
em crise. Globalizado, o país sofre os efeitos da debacle internacional e paga
o preço de não ter levado avante as necessárias reformas estruturais. O PIB
míngua a cada previsão. De encolhimento em encolhimento, talvez fique em 2%,
metade do esboçado inicialmente para 2012. Outros indicadores confirmam o cenário
sombrio. Apesar dos estímulos governamentais, a indústria recuou pela oitava
vez consecutiva. O endividamento e a inadimplência das famílias comprometem o
consumo. Nada menos de 19,1% dos clientes do comércio estão no vermelho.
Consequência previsível, o volume de vendas do varejo restrito (que exclui
carros, motos, material de construção) recuou 0,8% em maio — o maior retrocesso
em 42 meses. Vale lembrar, porém, que a massa salarial continua em leve
elevação apesar de o nível de comprometimento da renda familiar beirar 25% na
média. Os gastos contratados, como internet, energia, telefone, prestações, também
permanecem em nível ascendente. Restringem, assim, os recursos livres para
novos gastos. O único alívio para o comércio é que o trabalhador, além de não
destinar toda a renda extra para amortização dos passivos, recorre a novos
débitos para conservar o poder de compra.
Fonte: JC
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