Desembargadores do TJ-RJ defendem projeto de lei que
tramita no Senado e pode reduzir tempo
da conclusão de ações consumeristas
O
projeto de lei 50 de 2012 (PLS 50/2012), que tramita no Senado e proíbe a
apelação a instâncias superiores da Justiça em ações individuais envolvendo
relações de consumo e inferiores a 60 salários mínimos, poderá deixar a Justiça
mais ágil, segundo desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado Rio de
Janeiro (TJRJ). Além disso, a proposta também aumenta para o mesmo valor as
causas aceitas pelos juizados especiais cíveis estaduais. Atualmente, os
processos ligados ao tema correspondem a 69,37% do acervo de processos dos
juizados especiais cíveis do estado e 29,49% do acervo de ações cíveis do
TJ-RJ. De acordo com o desembargador do TJ-RJ Marcelo Buhatem, idealizador do
projeto – de autoria do senador Lobão Filho (PMDB-MA) –, com o fim dos
“recursos intermináveis”, os consumidores poderão ver o fruto do objeto de suas
ações em até seis meses. Hoje, segundo Buhatem, um processo desses pode levar
até dois anos e meio para ser concluído. O texto, porém, admite os embargos infringentes
e de declaração, que são recursos apresentados na mesma instância judicial em
que se decidiu a causa, com o objetivo de confirmação ou revisão da sentença. Outro
aspecto importante da medida, lembra a também desembargadora Maria Regina Nova,
é permitir que as instâncias superiores possam se dedicar mais às análises de causas
mais complexas. Ela ressalta, porém, que a primeira instância aumentará seu volume
de trabalho e, com isso, vai precisar de uma estrutura maior, tarefa que,
segundo a magistrada, já está sendo desenvolvida pelo TJ-RJ.
Mediação
Na
opinião do desembargador Camilo Ruliere, que também ajudou na elaboração do projeto
de lei, muitos empresários vão preferir resolver seus problemas com os
consumidores por meio da conciliação, por saberem que as causas não poderão ir
para tribunais superiores. “Como os processos terminarão em menos de um ano, em
vez de contestar, eles vão preferir fazer logo a composição dos litígios, o que
promoverá agilidade na prestação jurisdicional”, diz. Para Buhatem, hoje há uma
“cultura do recurso”, em que muitas empresas preferem recorrer, protelando a
decisão da Justiça, a pagar a sociedade o que devem, o que também diminui a
importância das sentenças de primeiro grau. “Com a medida acabará a
provisoriedade da sentença do juiz de primeiro grau”, afirma o desembargador. A
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado votará a matéria em
decisão terminativa, o que significa que, se não houver recurso para votação no
plenário da Casa, ela seguirá direto para a Câmara dos Deputados. O relator do
projeto, senador Renan Calheiros (PMDBAL), já deu parecer favorável ao PLS
50/2012.
Fonte: JC
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