Nasce uma nova cultura de investimento


A atual condução da política econômica no Brasil indica que, pela primeira vez na história, o nosso País caminha para a prática de juros reais em níveis mais civilizados e mais próximos dos patamares registrados em economias desenvolvidas. Se antes, a meta era tentar romper a barreira dos dois dígitos, agora, o objetivo é garantir que os fundamentos econômicos permitam a manutenção, e até a continuidade da trajetória de redução, da taxa nominal nos próximos anos. Pelas projeções do mercado futuro, os agentes financeiros, de fato, já consideram que a taxa irá permanecer abaixo de 10% ao ano pelos próximos oito anos. Se confirmada, trata-se de uma estabilidade inédita no nosso país. Claro que, mesmo com os últimos cortes promovidos nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária, precisamos lembrar que o Brasil ainda lidera o ranking dos países com as maiores taxas de juros nominal e real. Mas, é inegável que avançamos muito quando compararmos às taxas praticadas no nosso país nos últimos 15 anos. O auge ocorreu em outubro de 1997, em meio às crises internacionais que culminariam na desvalorização do Real em 1999, quando a Selic chegou a superar 45% ao ano. Se, naquela época, acostumamos a ver os rendimentos em renda fixa com elevadíssimos retornos, hoje, mesmo ainda estando entre as maiores taxas de juros do mundo, o cenário de investimento é bem diferente. Há dez anos, manter os recursos aplicados em um fundo de renda fixa de um grande banco, mesmo pagando altas taxas de administração, poderia ser considerado um excelente negócio. Atualmente, com uma taxa de juros básica anual de 8%, é preciso mudar logo, mais uma vez, a nossa cultura de investimento. A atual tendência é, cada vez mais, nos aproximarmos dos perfis de investidores de países desenvolvidos, que, já acostumados com rendimentos reduzidos em aplicações tradicionais, buscam, incessantemente, por melhores oportunidades existentes no mercado de financeiro. Neste contexto, não apenas bancos de investimentos, como também instituições de pequeno e médio porte precisam entrar na mira do investidor como alternativas viáveis e atraentes. Os títulos privados emitidos por instituições menores podem garantir rendimentos melhores, com riscos também reduzidos. Por serem de pequeno ou médio porte, possuem custos proporcionalmente menores e conseguem, consequentemente, oferecer retornos mais atrativos. Em um fundo de renda fixa tradicional, por exemplo, após descontada a taxa de administração sobre o rendimento, a rentabilidade pode ficar bem abaixo do esperado. Assim, se o objetivo é investir em renda fixa, conhecer as opções de bancos menores pode ser a melhor alternativa para o investidor. Acostumados com cenários de incerteza, muitas vezes, o investidor brasileiro busca instituições maiores por acreditar que estará mais seguro do que em instituições de porte menor. Neste sentido, é preciso sempre lembrar que todo o investimento, até o limite de R$ 70 mil independentemente do porte da instituição que o administra, possui garantia total do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), mesmo fundo que garante os investimentos na poupança. Ou seja, até este limite, pequeno ou grande, a garantia e a segurança são sempre as mesmas. Claro que o histórico e a solidez da instituição devem ser avaliados sempre. Posteriormente, é preciso avaliar as taxas de retorno e as oportunidades oferecidas. Às vezes, por simples falta de conhecimento, podemos perder boas, e grandes, oportunidades de investimento. Com um novo cenário econômico, uma nova cultura de investimento começa a ser criada. E precisamos, o quanto antes, avaliar as oportunidades que já são destaque e que devem se consolidar ainda mais nos próximos anos.

Fonte: JC

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